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Novo dia de repressão em Mianmar deixa pelo menos 10 mortos 

Polícia está usando munição letal para controlar protestos, apesar de pedidos da comunidade internacional pelo fim da violência

Internacional|Da AFP

Seis manifestantes morreram em protestos em Mianmar
Seis manifestantes morreram em protestos em Mianmar Seis manifestantes morreram em protestos em Mianmar

As forças de segurança birmanesas, que continuam utilizando munição letal, mataram nesta quarta-feira (3) ao menos 10 manifestantes contra o golpe de Estado militar, um fracasso para a comunidade internacional em sua tentativa de frear a repressão.

Três homens e uma mulher morreram durante uma manifestação a favor da democracia na cidade de Monywa (centro do país), informaram à AFP fontes médicas.

A 130 quilômetros de distância, em Mandalay, dois manifestantes morreram depois que foram atingidos por tiros na cabeça e no peito, segundo um médico, que pediu anonimato por temer represálias.

E na cidade de Myingyan (centro) um homem de 20 anos morreu e outras 17 pessoas ficaram feridas, segundo os socorristas.

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As imagens divulgadas nas redes sociais mostram o jovem coberto de sangue, enquanto os amigos o carregam para longe das barricadas.

Em outras imagens, enquanto são ouvidas explosões, os manifestantes gritam: "Nossa revolta deve vencer".

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"As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e munição letal", disse um integrante das equipes de emergência.

Com os cortes de internet, a intensificação do arsenal repressivo e ondas de detenções, a junta militar não para de aumentar a repressão desde o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, no dia 1 de fevereiro.

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O domingo passado foi particularmente violento, com pelo menos 18 manifestantes mortos, de acordo com a ONU.

Os birmaneses continuam, apesar da pressão, saindo às ruas para exigir a saída dos generais golpistas e a libertação de centenas de pessoas detidas nas últimas semanas.

Perto do pagode Sule Paya, no centro de Yangon, a capital econômica, os manifestantes organizaram um protesto e jogaram no chão as tampas das latas de lixo que usam como escudos improvisados.

"Não façam nada contra a polícia e o exército. Se vierem nos expulsar com violência continuem protestando pacificamente", gritou um jovem em um megafone. "Permanecemos unidos", responderam os manifestantes.

Jornalistas acusados

A repressão também continua no âmbito judicial.

O ex-presidente da República Win Myint, que já havia sido acusado de não respeitar as restrições vinculadas à pandemia, foi acusado agora de violar a Constituição, informou à AFP seu advogado Khin Maung Zaw.

A ex-chefe de fato do governo Aung San Suu Kyi, que continua detida em um local secreto, enfrenta quatro acusações, incluindo "incitação a desordens públicas".

Seis jornalistas birmaneses, entre eles o fotógrafo da agência americana Associated Press (AP) Thein Zaw, foram acusados de violar uma lei de ordem pública recentemente modificada pela junta, segundo o seu advogado.

O texto engloba agora qualquer pessoa que "cause medo na população, divulgue informação falsa (...) ou incite a desobediência e a deslealdade dos funcionários", explicou.

Os seis homens, que podem ser condenados a três anos de prisão, estão na tristemente célebre penitenciária de Insein, em Yangon, onde muitos presos políticos cumpriram longas sentenças durante as ditaduras anteriores.

"Os jornalistas independentes devem ser autorizados a informar livremente e com segurança, sem medo de represálias", afirmou Ian Philips, vice-presidente de informações internacionais da AP.

Confusão na ONU

O exército continua ignorando as críticas internacionais.

O embaixador de Mianmar na ONU, Kyaw Moe Tun, rompeu com os generais na semana passada e pediu o "fim do golpe de Estado".

Desde então, a junta militar designou um substituto, mas Kyaw Moe Tun afirma que continua representando o país, uma disputa jurídica que deve ser solucionada pelas Nações Unidas.

O Conselho de Segurança abordará novamente a situação de Mianmar na sexta-feira a pedido do Reino Unido.

No início de fevereiro, os 15 países membros do Conselho expressaram inquietação com a situação de Mianmar em uma declaração, mas sem condenar o golpe de Estado, pois China e Rússia são apoios tradicionais do exército birmanês e não aceitaram a menção no texto.

O exército, que contesta o resultado das eleições em novembro, vencidas pelo partido de Suu Kyi, prometeu organizar uma votação no próximo ano.

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