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O que é o tratado de mísseis nucleares do qual a Rússia se retirou?

Assinado em 1987, acordo com EUA bania mísseis de curto e médio alcance; saída russa reacende temores de nova crise nuclear

Internacional|Do R7

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • A Rússia anunciou sua retirada do Tratado INF, que proibia mísseis de curto e médio alcance, assinado em 1987.
  • A saída acontece em um contexto de tensões crescentes entre Rússia, EUA e Otan, com temores de uma nova corrida armamentista.
  • O ex-presidente russo Dmitry Medvedev atribui a decisão à política anti-russa da Otan e alerta para novas medidas em resposta.
  • Os EUA já haviam se retirado do acordo em 2019, acusando a Rússia de violar as regras com o desenvolvimento de novos mísseis.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O presidente russo, Vladimir Putin, em imagem divulgada em fevereiro de 2021 Divulgação/Mikhail Klimentyev/TASS

A Rússia anunciou na segunda-feira (4) sua retirada do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), um acordo histórico assinado em 1987 com os Estados Unidos, que já haviam se retirado do pacto em 2019, durante o primeiro governo de Donald Trump.

A decisão do governo de Vladimir Putin ocorre em um momento em que as tensões crescentes entre a Rússia, os EUA e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) reacendem preocupações sobre o risco de uma nova crise nuclear.


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O Tratado INF, assinado pelo então presidente norte-americano Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, marcou um ponto de virada na Guerra Fria.

Ele proibia a posse, produção e testes de mísseis balísticos e de cruzeiro lançados do solo com alcance entre 500 km (curto alcance) e 5.500 km (alcance intermediário), abrangendo tanto ogivas nucleares quanto convencionais. Mísseis lançados do ar ou do mar, no entanto, não estavam incluídos.


Como resultado do acordo, mais de 2.600 mísseis foram destruídos: 846 pelos EUA e 1.846 pela União Soviética, segundo a rede catari Al Jazeera.

O tratado foi uma medida crucial para reduzir as tensões e limitar a corrida armamentista entre as duas nações mais militarizadas da época.


Por que a Rússia se retirou?

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia justificou a saída do tratado argumentando que a movimentação de plataformas de mísseis norte-americanos na Europa, Filipinas e Austrália como uma “ameaça direta” à segurança do país.

Em um comunicado oficial, o órgão disse que a implantação desses mísseis terrestres de curto e médio alcance por parte dos EUA tornou “insustentável” a moratória unilateral que a Rússia vinha mantendo.


O ex-presidente russo Dmitry Medvedev, hoje vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, atribuiu a decisão à “política anti-russa” dos países da Otan. Em uma publicação no X, ele afirmou que a retirada é uma resposta a essa nova realidade e alertou para “novas medidas” futuras.

Na última sexta-feira (1), Trump ordenou o reposicionamento de dois submarinos nucleares em resposta a declarações de Medvedev, que o presidente norte-americano classificou como “ameaçadoras”.

Saída dos EUA em 2019

Os Estados Unidos abandonaram o Tratado INF em 2019, durante o primeiro mandato de Trump, acusando a Rússia de violar o acordo.

Segundo Washington, Moscou desenvolveu e implantou o míssil Novator 9M729 (chamado de SSC-X-8 pela Otan), que teria capacidade nuclear e alcance de 500 km, descumprindo as regras do tratado.

A Rússia negou as acusações, afirmando que o míssil não ultrapassava o limite estabelecido.

Na época, Trump citou também o desenvolvimento de mísseis semelhantes pela China — que não era signatária do tratado — como uma razão para a retirada, argumentando que o acordo limitava os EUA enquanto outras potências expandiam seus arsenais.

Outros acordos de desarmamento

A história de acordos de controle de armas entre os EUA e a Rússia (ou a antiga União Soviética) é marcada por avanços e retrocessos. Além do INF, outros tratados importantes incluem:

  • Tratado de Mísseis Antibalísticos (1972): assinado para limitar defesas antimísseis, foi abandonado pelos EUA em 2002, sob o governo de George Bush;
  • Tratado de Céus Abertos (1992): permitia voos de observação desarmados entre os países signatários. Os EUA se retiraram em 2020, seguidos pela Rússia em 2022; e
  • Novo Tratado START (2010): é o último grande acordo de controle de armas em vigor, limitando ogivas nucleares estratégicas e mísseis de longo alcance. Em 2023, a Rússia suspendeu sua participação, acusando os EUA de descumprirem o tratado. O acordo expira em 2026.

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