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O que está por trás da pausa no envio de armamentos dos EUA à Ucrânia?

Decisão de suspender envio de mísseis e munições ocorre em meio a revisão de estoques e priorização de interesses norte-americanos

Internacional|Do R7

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Suspensão dos envios de armas inclui mísseis para os sistemas de defesa aérea Patriot Divulgação/Raytheon

A decisão dos Estados Unidos de suspender o envio de mísseis de defesa aérea e outras munições de precisão à Ucrânia, anunciada na quarta-feira (2), gerou reações opostas entre os envolvidos na guerra, que já dura mais de três anos.

Enquanto a Rússia celebrou a medida, autoridades ucranianas expressaram preocupação com o impacto da pausa no apoio militar norte-americano, essencial para a defesa contra os intensos ataques aéreos russos.


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Segundo fontes de segurança consultadas pela agência de notícias Reuters, a pausa no envio de armamentos, como interceptadores de defesa aérea usados para abater drones e mísseis russos, foi motivada pela preocupação com os baixos estoques norte-americanos.

O Pentágono, responsável pela decisão, está revisando a capacidade de manter a prontidão das forças dos EUA enquanto avalia as prioridades de defesa da administração do presidente Donald Trump.


A rede norte-americana CNN informou que o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, aprovou uma revisão dos gastos militares e do apoio a países estrangeiros, que já estava em andamento há meses.

A vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Anna Kelly, justificou a decisão afirmando que ela reflete a intenção de “colocar os interesses da América em primeiro lugar”.


Elbridge Colby, subsecretário de políticas do Pentágono, disse que o Departamento de Defesa está adaptando a abordagem para equilibrar o apoio à Ucrânia com a preservação dos recursos americanos, incluindo a preparação para possíveis conflitos no Pacífico, como contra a China.

‘Doloroso’ e ‘desumano’

A suspensão dos envios de armas, que inclui mísseis para sistemas de defesa aérea Patriot, cruciais para proteger cidades ucranianas contra os ataques russos, foi recebida com alarme em Kiev.


Um parlamentar sênior ucraniano classificou a decisão como “dolorosa”, especialmente diante da intensificação dos ataques aéreos russos, que nas últimas semanas envolveram centenas de drones e mísseis, segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybiha, informou que, apenas em junho, a Rússia lançou mais de 330 mísseis, incluindo 80 balísticos, além de 5.000 drones e bombas planadoras contra o país.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reforçou a urgência de fortalecer as defesas aéreas do país, especialmente após a perda de um caça F-16 e de seu piloto em um ataque russo no último domingo (29).

Em um discurso na noite de quarta-feira, Zelensky afirmou que o governo está buscando esclarecimentos sobre a suspensão e destacou a necessidade de “garantir a proteção do nosso povo”.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o vice-chefe da embaixada norte-americana, John Ginkel, para expressar que “qualquer atraso no apoio às capacidades de defesa da Ucrânia apenas encorajará o agressor”.

Mykhailo Podolyak, assessor do gabinete presidencial ucraniano, foi enfático: “Parar de fornecer mísseis, especialmente para os sistemas Patriot, que protegem a população civil em larga escala, pareceria desumano”.

Uma fonte militar ucraniana disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que, sem as munições norte-americanas, será “difícil” se defender dos russos, já que o país depende fortemente do fornecimento dos EUA, apesar dos esforços da Europa para suprir a escassez.

Rússia comemora

O Kremlin, por sua vez, comemorou a decisão norte-americana. O porta-voz Dmitry Peskov disse na quarta-feira que “quanto menos armamentos forem enviados à Ucrânia, mais rápido o conflito chegará ao fim”.

Ele sugeriu, sem apresentar evidências, que a pausa reflete a falta de armas nos estoques norte-americanos, segundo a CNN.

A Rússia, que controla cerca de 20% da Ucrânia, intensificou os ataques aéreos contra o país desde que drones furtivos ucranianos destruíram uma parte significativa da frota de bombardeiros de Vladimir Putin, no dia 1º de junho deste ano.

Futuro incerto

Os Estados Unidos têm sido o maior doador individual de ajuda militar à Ucrânia desde o início da invasão russa, em 2022, fornecendo o sistema de defesa antimísseis Patriot, tanques e armas antitanque.

No entanto, desde a volta de Trump ao poder, em janeiro deste ano, o apoio norte-americano tem enfrentado incertezas. Em fevereiro e março, os envios foram brevemente interrompidos, mas retomados em seguida.

Em abril, a Europa superou pela primeira vez os EUA em ajuda militar total à Ucrânia, com 72 bilhões de euros (US$ 84,9 bilhões) contra 65 bilhões de euros (US$ 76,6 bilhões), segundo o Instituto Kiel para a Economia Mundial.

Na semana passada, durante a cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Haia, Trump sugeriu a possibilidade de vender mais mísseis Patriot à Ucrânia após uma reunião com Zelensky, sinalizando uma possível mudança de postura.

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