ONU considera estupros na Ucrânia uma 'estratégia militar' deliberada
Crianças, adultos e idosos ucranianos são vítimas de crimes sexuais cometidos por russos desde o início da guerra em fevereiro
Internacional|Do R7
![Mulheres protestam contra a invasão da Ucrânia pelo Exército russo](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/IMNZ266LL5NQHA46BYMIVK6YV4.jpg?auth=ebd48dc2ffbf448478dcdbb19396e2f10a5285e28f0ee35157648956e5429fa7&width=1024&height=682)
Os estupros e as agressões sexuais atribuídas às forças russas na Ucrânia constituem "uma estratégia militar" e uma "tática deliberada para desumanizar as vítimas", afirmou a representante especial da ONU sobre Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten.
"Todos os indícios estão lá", declarou Patten em uma entrevista à AFP em Paris, onde assinou na quinta-feira (13) um acordo com a ONG Bibliotecas sem Fronteiras para apoiar as vítimas de agressões sexuais em conflitos.
"Quando mulheres e meninas são sequestradas durante dias e estupradas, quando se começa a violentar meninos e homens, quando vemos uma série de casos de mutilações de órgãos genitais, quando você ouve os depoimentos de mulheres que falam de soldados russos que usam viagra, trata-se claramente de uma estratégia militar", afirmou.
"E quando as vítimas falam sobre o que foi dito durante os estupros, está claro que é uma tática deliberada para desumanizar as vítimas", acrescenta a advogada das Ilhas Maurício. Ela destaca que os primeiros casos foram relatados "três dias após o início da invasão da Ucrânia", em 24 de fevereiro.
A ONU verificou "mais de cem casos" de estupros e agressões sexuais na Ucrânia, mas "não é uma questão de números", explica a representante especial desde 2017, para quem "os casos apontados são apenas a ponta do iceberg".
"É muito complicado ter estatísticas confiáveis durante um conflito ativo. Os números nunca refletirão a realidade, porque a violência sexual é um crime silencioso, o menos denunciado e o menos condenado", ressalta Patten, que cita o medo de represálias e estigmatização.
As vítimas são principalmente mulheres e meninas, de acordo com a representante da ONU.
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Um relatório divulgado no fim de setembro por uma comissão de investigação internacional independente, criada a pedido do Conselho de Segurança das Nações Unidas, confirmou "crimes contra a humanidade cometidos pelas forças russas", recorda.
"De acordo com os depoimentos, a idade das vítimas de violência sexual vai dos 4 aos 82 anos. Há muitos casos de violência sexual contra crianças, que são estupradas, torturadas e sequestradas", afirma Patten.
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