Países da UE chegam a acordo sobre migrantes do navio Aquarius
As 58 pessoas que estão a bordo vão ser transferidas para navio maltês e distribuídos entre Portugal, Espanha, França e Alemanha
Internacional|Gabriela Lisbôa, do R7, com agências internacionais
França, Alemanha, Espanha e Portugal chegaram nesta terça-feira (25) a um acordo para acolher os 58 migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo navio Aquarius, operado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras.
Por meio de um comunicado, o governo português disse que receberá 10 deslocados internacionais. Mais tarde, fontes do governo francês informaram que o país abrigará 18, e Alemanha e Espanha, 15 cada uma.
"Portugal continua a defender uma solução europeia integrada, estável e permanente para responder a este desafio migratório, mas, por razões humanitárias e face à situação de emergência em que se encontram estas pessoas, manifesta mais uma vez sua disponibilidade para acolher parte do grupo de migrantes", diz uma nota do governo.
Em entrevista ao jornal Europa Press, a ministra da Presidência da Espanha Carman Calvo, disse que o país segue tendo "uma política coerente como sempre teve neste assunto" e que o acordo faz parte do "mecanismo de solidariedade europeu", defendido pelo governo espanhol.
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Nesta segunda-feira (24), o comandante do Aquarius chegou a pedir às autoridades francesas autorização para a entrada no porto de Marselha para um desembarque excecional e por razões humanitárias. Mas a França, assim como a Itália, decidu fechar os portos com a alegação de que o navio deveria atracar no "porto seguro mais próximo", como mandam as normas internacionais.
No caso da Itália, a justificativa para os portos fechados é de que esta é uma forma de combater os fluxos irregulares no Mediterrâneo. No domingo, o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, do partido de extrema-direita Liga, disse que os portos italianos seguiriam fechados para navios de resgate de imigrantes.
Os deslocados que estão no navio serão transferidos para um navio maltês em águas internacionais e de lá serão levados para a Valeta, capital de Malta, de onde serão redistribuídos entre os quatro países que se comprometeram a acolhê-los.
"Malta e França mais uma vez vão à frente para resolver o impasse com os imigrantes", disse o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, no Twitter, acrescentando que o presidente francês, Emmanuel Macron, e outros líderes querem mostrar a abordagem mais multilateral possível.
O Aquarius é o último navio civil em operação para resgatar migrantes no Mediterrâneo e atuava sob bandeira do Panamá, que, pressionado pela Itália, decidiu revogar seu registro. Com isso, a embarcação precisará conseguir bandeira de outro país se quiser continuar no mar.
Segundo publicou o jornal português RTP nesta terça-feira, o bloco de esquerda de Portugal pediu que o governo do país dê autorização para que o navio Aquarius possa ter bandeira portuguesa para continuar à serviço de organizações não-governamentais para resgatar pessoas no Mediterrâneo. O Ministério da Administração Interna ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Veja a rotina de um navio de resgate de migrantes no Mediterrâneo: