Pesca chinesa avança sobre águas argentinas, alertam ambientalistas
Embarcações chinesas estão envolvidas em crimes como trabalho forçado e transbordo ilegal de cargas
Internacional|Do R7

A frota pesqueira chinesa tem explorado cada vez mais os recursos da Argentina, combinando pesca legal e ilegal em uma estratégia apoiada pelo governo de Pequim. A denúncia foi feita pelo grupo ambientalista El Círculo de Políticas Ambientales, que alerta para o impacto dessa atividade no Atlântico Sul.
Embora muitos barcos estejam legalmente registrados na argentina, cresce o número de embarcações chinesas operando ilegalmente sob registros de outros países. Em entrevista à Radio Free Asia, o especialista em conservação marinha, Milko Schvartzman, afirmou que a prática permite que a China esconda sua presença ilegal e evite sanções. O especialista também estima que mais da metade da frota pesqueira de lula da Argentina seja composta por embarcações chinesas.
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Presença chinesa no Atlântico Sul
A China incentiva sua indústria pesqueira com subsídios para combustível e outras despesas, permitindo que navios operem a grandes distâncias de seu território. Atualmente, a frota pesqueira do país ultrapassa 560 mil embarcações, sendo a maior frota do mundo. Os dados são do último relatório sobre pesca de captura da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
Além da pesca excessiva, algumas dessas embarcações estão envolvidas em crimes como trabalho forçado e transbordo ilegal de cargas, conforme denunciado pela Environment Justice Foundation, do Reino Unido.
Monitoramento da Argentina
No último fim de semana, a Marinha Argentina realizou a operação Mare Nostrum I para fiscalizar sua zona econômica exclusiva (ZEE). Duas aeronaves de vigilância e duas corvetas foram mobilizadas, detectando 380 embarcações de pesca em uma área de mais de 740 mil quilômetros quadrados.
Schvartzman acredita que muitos desses navios sejam chineses, operando sob bandeiras de países como Vanuatu e Camarões. Ele afirma que cerca de 65% da frota estrangeira na ZEE argentina pertence à China, com o restante dividido entre embarcações sul-coreanas, taiwanesas, espanholas e russas.
Apesar da crescente presença da frota chinesa, especialistas não identificaram até o momento a atuação da chamada “milícia marítima” da China na região — uma força naval irregular usada para proteger interesses chineses em outras áreas estratégicas.