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Por que a Arábia Saudita sedia negociações entre EUA e Rússia?

Reunião em Riade nesta terça-feira (18) busca reaproximação entre potências e reforça papel saudita na diplomacia internacional

Internacional|Do R7

Ministros da Arábia Saudita recebem o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em Riade Divulgação/Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita

A Arábia Saudita sediou nesta terça-feira (18) uma reunião diplomática de alto nível entre os Estados Unidos e a Rússia. O movimento reforça as ambições do país do Oriente Médio de se tornar um ator central na mediação de conflitos internacionais, segundo analistas.

O encontro, realizado na capital Riade, reuniu o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, foi o primeiro entre os dois para discutir possíveis caminhos para encerrar a guerra na Ucrânia.

O país árabe também pode estar buscando na cúpula uma alavancagem nas negociações sobre o futuro de Gaza pós-guerra, especialmente após rejeitar a proposta do presidente Donald Trump de reassentar permanentemente os moradores do enclave palestino.

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Política diplomática

A reunião ocorre em um contexto de crescente protagonismo diplomático da Arábia Saudita. O país tem investido em uma imagem de pacificadora global, promovendo conferências de paz, ajudando em trocas de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia e organizando cúpulas sobre temas geopolíticos sensíveis.


O príncipe Mohammed bin Salman busca equilibrar alianças estratégicas e ampliar o poder do país desde que se tornou uma figura central no governo, a partir de 2017, quando foi nomeado herdeiro do trono pelo rei Salman.

De lá para cá, Riade fortaleceu laços tanto com Washington quanto com Moscou, ao mesmo tempo em que manteve relações próximas com a China e outros países emergentes, como a Índia e os Emirados Árabes Unidos.


O movimento atual também pode ser uma tentativa de recuperar prestígio diplomático após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018. O episódio gerou um isolamento internacional temporário para o país, especialmente por parte das ações ocidentais.

EUA e Rússia

Historicamente, a Arábia Saudita sempre teve uma forte aliança com os EUA baseada em interesses comuns, especialmente segurança regional, comércio de petróleo e investimentos bilionários.


Durante o primeiro governo Trump (2017-2021), essa relação se aprofundou ainda mais, com acordos militares e investimentos sauditas em empresas ligadas ao republicano, como o aporte de US$ 2 milhões (cerca de R$ 11.4 milhões) a uma companhia presidida pelo genro dele, Jared Kushner.

Mesmo após a posse do ex-presidente Joe Biden, que adotou uma postura mais crítica ao governo saudita, os dois países continuaram cooperando em áreas estratégicas, como defesa e energia.

Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita vem fortalecendo seus laços com a Rússia, especialmente na área energética. O país tem coordenado com Vladimir Putin decisões importantes dentro da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados), um grupo de países produtores de petróleo que controla a oferta global da commodity.

Essa aliança tem sido essencial para manter o preço do petróleo em patamares estratégicos para ambos os países. Além disso, apesar das pressões ocidentais, Riade evitou aderir às sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, optando por manter uma postura neutra.

Ucrânia de fora

A Ucrânia não participou do encontro em Riade. O presidente do país, Volodymyr Zelensky, disse ainda na segunda-feira (17) que não participaria da reunião entre EUA e Rússia e que se opõe a qualquer acordo oriundo dessa negociação.

Zelensky deve visitar Riade nos próximos dias para reuniões separadas com autoridades sauditas, segundo a CNN. Ao mesmo tempo, líderes europeus se reúnem em Paris para discutir uma resposta coordenada às negociações entre Trump e Putin.

Na última sexta-feira, o presidente ucraniano se reuniu com o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, para discutir o fim da guerra. Zelensky pediu “reais garantias de segurança” antes de ter conversas diretas com o país rival.

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