Por que Israel atingiu maior campo de gás natural do mundo e instalações energéticas do Irã?
Ataques contra depósitos de combustível, refinarias e o campo de gás South Pars no Irã intensificam tensões no Oriente Médio
Internacional|Do R7

Israel realizou na noite de sábado (14) ataques aéreos contra importantes instalações energéticas do Irã, incluindo o maior campo de gás natural do mundo, South Pars, e outros pontos estratégicos de petróleo e gás.
A ofensiva contra as unidades de energia representa uma ruptura em relação à postura adotada por Israel no passado, que evitava atingir diretamente a infraestrutura energética iraniana devido à pressão de aliados, como os Estados Unidos, preocupados com os impactos nos preços globais.
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A recente escalada no conflito entre os dois países surgiu depois que Israel lançou uma série de bombardeios, que começaram ainda na madrugada de sexta-feira (13), sobre o território iraniano.
Em resposta, o Irã disparou centenas de mísseis balísticos contra Israel, alguns dos quais furaram as defesas antiaéreas do país, como o sistema Domo de Ferro, atingindo Tel Aviv, a maior cidade israelense.
O Irã disse que ao menos 80 pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças, e mais de 320 ficaram feridas pelos ataques israelenses. Já Israel afirmou que os contra-ataques iranianos deixaram 13 mortos e 380 feridos.
Israel diz que o ataque é uma medida preventiva às intenções do Irã de desenvolver armas nucleares. Teerã, por sua vez, nega a alegação há anos, afirmando que o programa nuclear do país possui somente fins pacíficos.
Ataques a instalações energéticas
No sábado, os alvos israelenses incluíram o depósito de combustível e gás de Shahran, a noroeste de Teerã, e a refinaria de petróleo em Shahr Rey, ao sul da capital iraniana, que pegaram fogo, segundo o Ministério do Petróleo do Irã.
A rede Al Jazeera disse que, embora a Rede de Notícias Estudantis do Irã tenha negado que a refinaria de Shahr Rey tenha sido diretamente atingida, ela admitiu que um tanque de combustível próximo foi incendiado, sem esclarecer a causa.
Os ataques também atingiram o campo de gás South Pars, na costa da província de Bushehr, e a usina de gás Fajr Jam, também em Bushehr. South Pars, compartilhado com o Catar, é responsável por dois terços da produção de gás do Irã, consumida internamente.
A agência de notícias iraniana Tasnim informou que os ataques causaram danos significativos, incluindo um incêndio em uma unidade de processamento do South Pars e a interrupção de uma plataforma offshore que produz 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Por que essas instalações são estratégicas?
O Irã possui a segunda maior reserva de gás natural e a terceira maior de petróleo bruto do mundo, segundo a EIA (Administração de Informação de Energia) dos Estados Unidos.
A infraestrutura energética iraniana, vital para a economia do país e para o fornecimento doméstico de combustíveis e eletricidade, inclui as seguintes instalações, de acordo com a Al Jazeera:
- Depósito de Shahran: localizado a noroeste de Teerã, é um dos maiores centros de armazenamento e distribuição de combustíveis da capital, com capacidade de 260 milhões de litros em 11 tanques. Ele abastece terminais no norte da cidade com gasolina, diesel e querosene de aviação;
- Refinaria de Teerã (Shahr Rey): operada pela Tehran Oil Refining Company, essa refinaria, uma das mais antigas do Irã, processa cerca de 225 mil barris de petróleo por dia. Qualquer interrupção na operação pode afetar a logística de combustíveis na região mais populosa do país;
- Campo de South Pars: situado no Golfo, contém cerca de 1.260 trilhões de pés cúbicos de gás recuperável, equivalente a 20% das reservas globais. É essencial para o consumo interno de gás no Irã; e
- Usina de Gás Fajr Jam: processa gás de South Pars e é crucial para o fornecimento de eletricidade e combustível nas províncias do sul e centro do Irã. Interrupções na operação agravam os apagões, que custam à economia iraniana cerca de US$ 250 milhões por dia, segundo estimativas do governo.
Os ataques de Israel às instalações energéticas iranianas podem desestabilizar o fornecimento de petróleo e gás no Oriente Médio e, por consequência, causar reflexos nos preços globais de combustíveis.
Os preços do petróleo já subiram 9% após os primeiros ataques israelenses, na sexta-feira, embora tenham se estabilizado parcialmente em seguida. Analistas ouvidos pela Al Jazeera preveem nova alta quando os mercados reabrirem nesta segunda-feira (16).
A escalada do conflito também levanta temores sobre o Estreito de Ormuz, por onde passa quase 20% do consumo global de petróleo. O Irã sugeriu que pode fechar essa rota estratégica, o que, segundo a EIA, poderia fazer os preços do petróleo dispararem.
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