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Protestos se intensificam enquanto autoridades brasileiras se esquivam do problema, diz revista Time

Publicação destaca que manifestações contra Copa no Brasil flertam com revolução

Internacional|Do R7

Manifestante com a bandeira do Brasil durante protesto no sábado (22), em Belo Horizonte
Manifestante com a bandeira do Brasil durante protesto no sábado (22), em Belo Horizonte

Na sexta-feira (21), a revista Time chamou a atenção para o número de brasileiros que saíram às ruas para protestar contra problemas típicos do País, como a desigualdade social e a corrupção. Foi a maior manifestação vista no país nos últimos 20 anos, com mais de 1 milhão de participantes. A onda de manifestações contra a Copa do Mundo que será realizada no Brasil em 2014 já flerta com a revolução, de acordo com a publicação.

A Fifa não imaginava que a Copa das Confederações, iniciada no último dia 15 de junho e com duração de apenas duas semanas, causaria tamanho transtorno no País. Cada jogo é seguido por manifestações em torno dos estádios e um clima de insegurança evidente.

A publicação destaca que a série de protestos não teve início por conta dos eventos esportivos em si, mas sim pelo alto valor gasto na construção de estádios e outras obras de infraestrutura necessárias, enquanto hospitais, escolas e o transporte público do País carecem de investimento e melhorias.

Em declaração à revista, Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva, afirma que os responsáveis pela Copa do Mundo 2014 pensaram que poderiam fazer o que quisessem e que isso não traria consequências.


— Essa revolta popular mostra que estamos mudando. Isso poderia ter acontecido mais cedo? Sim. Mas nunca é tarde demais para destacar a piada que é o investimento público em estádios e a pouca preocupação com a opinião pública.

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Durante a semana passada, a discussão que envolve os protestos e a Copa das Confederações atingiu seu ápice com o boato de que a Fifa estaria pressionando o governo brasileiro e exigindo mais segurança, ameaçando o cancelamento do torneio. A informação foi desmentida pela Fifa e pelo comitê organizador, mas foi o suficiente para criar um clima de animosidade, pondo em risco a Copa do Mundo 2014, a menina dos olhos da instituição internacional, que rende milhões em dinheiro.

Não é à toa: a Fifa arrecadou R$ 9 bilhões (US$ 4 bilhões) nos últimos quatro anos e aposta alto no País com a seleção mais famosa do mundo, a única a ganhar a competição cinco vezes. Estima-se que 600 mil pessoas viajarão ao Brasil para assistir aos jogos em 2014.


A revista norte-americana destaca que os manifestantes que desejam boicotar o grandioso evento não são contra a Copa do Mundo em si, tampouco contra o futebol. O problema está em gastos exorbitantes dentro de um País que sofre com a pobreza e falhas em diversos setores.

O comandante da Fifa, Joseph Blatter, sentiu de perto a ira dos brasileiros durante o jogo de estreia da Copa das Confederações, entre Brasil e Japão, no último dia 15. Ao lado da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ambos foram vaiados. Tem sido comum encontrar manifestantes em todas as cidades que sediam jogos, como Salvador, Brasília e Belo Horizonte, acompanhados da forte ação policial, que inclui bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha.

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Blatter viajou para a Turquia na quarta-feira (19) para assistir aos jogos da Copa do Mundo Sub-20, mas durante entrevista ao jornal O Globo, afirmou que os brasileiros veriam os benefícios de receber uma Copa do Mundo por meio das melhorias feitas em hotéis, estradas, aeroportos e na área de telecomunicações.

— Posso entender a insatisfação das pessoas. Mas o futebol está aí para uni-las. O futebol está aqui para construir pontes, gerar entusiasmo, trazer esperança. O Brasil pediu para sediar a Copa do Mundo. Nós não iremos forçá-lo a isso. É óbvio que estádios precisam ser construídos, mas essa não é a única coisa em uma Copa do Mundo: há estradas, hotéis, aeroportos e vários outros itens que permanecem como um legado.

Segundo a revista Time, o problema é que esse legado está em andamento, pelo menos da maneira como Blatter imagina. Além de ter demorado quase dois anos escolhendo quais seriam as cidades-sede dos jogos, agora o Brasil sofre com o atraso nas obras. Pelo menos cinco cidades admitem que não conseguirão entregar faixas de ônibus e novos trens e metrôs até o ano que vem.

O orçamento dos estádios também tem sido inflado, uma vez que a Fifa exige modernos equipamentos, como elevadores — apesar de que, como diz a Time, a culpa pelos gastos extras acaba recaindo sobre as construtoras brasileiras, que se beneficiam com o orçamento inflado.

O desejo dos políticos, agora, é entender o que acontece e lidar com os recentes protestos. A presidente Dilma Rousseff se disse "orgulhosa" pelas "vozes que pedem mudanças".

A Time não deixa de lembrar seus leitores que tal declaração não é surpreendente, uma vez que a presidente é uma ex-guerrilheira da ditadura militar brasileira. Ainda não está claro qual o rumo de tantas revoltas, mas o fogo foi aceso e será difícil apagá-lo, ressalta a publicação.

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