Renzi governará Itália com equipe formada por 16 ministros
Internacional|Do R7
Roma, 21 fev (EFE).- O secretário-geral do Partido Democrata (PD), Matteo Renzi, apresentou nesta sexta-feira seu Governo de coalizão, uma equipe composta por 16 ministos, oito homens e oito mulheres, com uma média de 48 anos de idade e com o qual quer dar "um futuro de esperança" para a Itália. O anúncio aconteceu após um encontro de mais de duas horas e meia com o presidente italiano, Giorgio Napolitano, tempo no qual Renzi apresentou sua equipe para governar o país e colocar fim à crise política surgida na sexta-feira passada após a renúncia de Enrico Letta. Renzi chegou ao palácio do Quirinale, sede da presidência, às 16h30 local (12h30, em Brasília) e, em primeiro lugar, teve que anular as "reservas" com as quais aceitou formar um Executivo na segunda-feira passada, um trâmite indispensável e prévio à formação definitiva de um Governo na Itália. O ex-prefeito de Florença, de 39 anos, muito habitual nas redes sociais, utilizou sua conta no Twitter para acalmar os ânimos dos jornalistas que se amontoavam no Quirinale à espera de seu comparecimento. "Já vou, já vou", tuitou. A reunião entre Napolitano, de 88 anos, e o líder do PD, terminou às 19h15 local (15h15, em Brasília), momento no qual Renzi apresentou definitivamente seu Executivo, com novidades como a paridade de gênero de seus ministros e a nomeação da primeira mulher à frente de Defesa, Roberta Pinotti. Pinotti, professora de 52 anos e deputada do PD, se transformará amanhã na primeira mulher a receber a pasta da Defesa na história da República da Itália, como ressaltou o líder do Partido Democrata. "Não há fronteiras que as mulheres não possam superar", disse a nova titular da Defesa ao ser questionada pelos jornalistas. Por outro lado, Renzi deixou a economia em mãos de especialistas e tecnocratas sem carreira política. É o caso de Pier Carlo Padoan, de 64 anos, considerado pelos analistas de Bruxelas uma "garantia profissional", dada sua bagagem internacional, e que ocupará o Ministério da Economia e Finanças após ter passado por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE). Do mesmo modo, Federica Guidi, empreendedora e analista financeira de 45 anos, será a responsável de Desenvolvimento Econômico. Os meios de comunicação italianos também destacam a ministra de Assuntos Regionais, Maria Carmela Lanzetta, por sua luta contra a máfia calabresa, a "'Ndragheta", quando era prefeita de Monasterace (Calábria, sul da Itália), o que custou o incêndio de uma farmácia da família e vários disparos contra seu veículo. Renzi criou um Executivo com cinco ministérios a menos que o de seu antecessor, entre eles o de Assuntos Europeus, e eliminou o cargo de vice-presidente do Governo, embora tenha nomeado Graziano Delrio como subsecretário do Conselho de Ministros, médico de 53 anos ao quem os especialistas apontam como "mão direita" do novo primeiro-ministro. Por sua vez, o líder conservador, Angelino Alfano, será responsável de Interior. A grande surpresa do novo Governo é a ausência de Emma Bonino à frente das Relações Exteriores. Segundo aponta a imprensa italiana, Napolitano sugeriu a Renzi que esta continuasse na pasta, mas o novo primeiro-ministro designou Federica Mogherini como nova chefe da diplomacia italiana. "Agradeço a todos, mas sobretudo a Emma Bonino pelo excelente trabalho que desenvolveu nestes últimos tempos em matéria de política externa", afirmou Mogherini através de sua conta em Twitter. Deputada pelo PD, de 41 anos e formada em Ciências Políticas pela Universidade La Sapienza de Roma, Mogherini é considerada em seu partido como um especialista no Oriente Médio. No novo Conselho de Ministros, o PD será o partido mais representado, com dez ministros, seguido pelo novo Centro-Direita (NCD) de Alfano, com três, e pelo Escolha Cívica (SC), fundado pelo tecnocrata Mario Monti, e pela União de Centro (UDC) de Pier Ferdinando Casini, com um ministro, respectivamente. Após uma semana de deliberações e de busca de aliados, o Governo de Matteo Renzi começará a trabalhar amanhã mesmo, segundo anunciou, após o juramento perante o presidente no palácio do Quirinale, às 11h30 local (7h30, em Brasília). Segunda-feira está previsto que às 14h local (10h, em Brasília) seja votada a posse do novo Executivo, que depois terá que passar pelo Congresso dos Deputados. Renzi sucede Letta à frente do Governo, que ocupou o cargo durante os últimos dez meses e que apresentou sua renúncia ao presidente, pelo fato de seu Partido Democrata ter lhe dados as costas e exigido um novo Executivo para tirar o país do imobilismo. EFE gms/ff (foto)