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Rússia aprova lei que facilita a convocação ao exército

A partir de agora, envio das chamadas deve acontecer por meios eletrônicos, e não apenas pessoalmente como era antes

Internacional|

Medida preocupa os jovens locais, que não querem ir lutar na Ucrânia
Medida preocupa os jovens locais, que não querem ir lutar na Ucrânia Medida preocupa os jovens locais, que não querem ir lutar na Ucrânia

Uma lei que facilita a convocação ao exército e a punição dos desertores — aqueles que abandonam o serviço militar — foi aprovada na Rússia, nesta quarta-feira (12). A medida preocupa os jovens locais, que não querem ir lutar na Ucrânia. A polícia tem o direito de buscar o refratário (cidadão descumprindo a lei), que pode ser condenado a penas de prisão, de acordo com a lei russa.

As duas casas do Parlamento russo estabeleceram que o envio das convocações aconteça por meios eletrônicos, e não apenas pessoalmente como antes. Esse sistema impedirá que os russos ignorem as mobilizações, as tornando mais difíceis de evitar.

Uma vez convocada, a pessoa já não pode sair do país. Um residente da Rússia, que decidiu não se identificar, afirmou à AFP que está preocupado com a medida. "É preocupante como todas as leis votadas no último ano. Como foi aprovada em apenas dois dias, nada de bom pode ser esperado dela."

Apesar dos riscos, ele planeja "ignorar" a convocação, caso receba. "Não irei ao escritório de recrutamento, pois é uma bilhete de ida para Bakhmut", disse ele, referindo-se à cidade epicentro dos combates no leste da Ucrânia.

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O presidente Vladimir Putin decretou a mobilização de 300.000 reservistas em setembro de 2022, desenrolado de maneira caótica. Embora o Kremlin desminta os planos de lançar uma segunda onda de recrutamento, muitos na Rússia estão preocupados, enquanto o exército ucraniano prepara uma ampla contraofensiva.

"A frente se fragmentará como no outono passado e será necessário acumular urgentemente carne humana para tapar os buracos", afirmou o cidadão russo anônimo, de 28 anos, para quem a amplitude da próxima mobilização "dependerá diretamente do sucesso" dos ucranianos no campo de batalha.

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Outro russo, de 21 anos, que também preferiu se manter no anonimato para garantir sua segurança, disse estar "tão preocupado quanto todo mundo", até porque ainda não cumpriu o serviço militar obrigatório de um ano. Este morador da Sibéria diz que "o que é alarmante é a urgência e a intransigência da nova lei".

Como muitos outros, ele ignorou "o escritório de recrutamento" desde o início do conflito. "No outro dia, meus pais receberam uma ligação anunciando que eu estava na lista. Sou procurado por pessoas fardadas para ser levado ao comissariado militar", afirmou o homem, mencionando que se muda frequentemente para escapar do recrutamento.

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"Moro um pouco aqui ou ali. Minha estratégia ainda está sendo elaborada, não está clara, por enquanto", completou.

Apesar de muitos estarem determinados a continuarem fugindo, outros cidadãos expressam uma certa resignação, comum em parte da sociedade. "Se você tem que ir [para o front], você tem que ir. O destino de muitas pessoas depende de nós até certo ponto. E se alguém morrer, vale a pena", disse Denis Chevtchenko, um trabalhador de 35 anos.

Kirill Asmadeous, um programador de 34 anos, afirmou não entender o motivo de tanta preocupação.

Punições aos desertores

O serviço fiscal, as universidades e outras organizações públicas terão o dever de fornecer todas as informações pessoais dos mobilizados. A recusa em comparecer ao escritório privará estes russos da possibilidade de trabalhar como empresários ou autônomos, receber empréstimos ou possuir casa ou carro.

Essas medidas se aplicam também às dezenas ou centenas de russos que fugiram do país e vivem principalmente em casas alugadas ou trabalham remotamente com empresas. Segundo o especialista russo Alexei Tabalov, diretor da organização Consscript School, existem maneiras de burlar o exército, como certificado de invalidez, estudo ou suborno.

A vida ficará, entretanto, cada vez mais difícil para quem procura um esconderijo. "O grau de liberdade é reduzido para quem quer se esconder do cartório. O Estado vai pegá-los", disse Tabalov, que deixou a Rússia. Para o especialista, as autoridades vão tentar convencer os recrutas que são convocados todos os anos a se alistar.

A mobilização anterior, em setembro de 2022, resultou na fuga de milhares de russos para o exterior. "Temos que deixar a Rússia agora? Resposta curta: sim", intitulou nesta quarta-feira o site do jornal Meduza, popular entre os jovens russos e declarado "indesejável" pelas autoridades.

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