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Rússia utiliza adolescentes para fabricar drones de guerra, diz mídia ucraniana

Reportagem de TV russa mostra estudantes trabalhando na produção de drones Shahed em fábrica no Tartaristão

Internacional|Do R7

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Imagem de TV estatal russa mostra estudante trabalhando na construção de um drone Shahed, segundo mídia ucraniana Reprodução/Zvezda

Uma investigação publicada pelo United 24 Media, site de notícias do governo ucraniano, revelou que adolescentes, incluindo estudantes, estão sendo utilizados na produção em massa de drones de ataque do tipo Shahed, usados pela Rússia na guerra contra a Ucrânia.

As informações têm como base uma reportagem exibida no último domingo (20) pelo canal de TV Zvezda, controlado pelo Ministério da Defesa da Rússia, que mostrou a linha de produção de uma fábrica na Zona Econômica Especial (ZEE) de Alabuga, no Tartaristão, uma república autônoma no sudoeste russo.


A ZEE de Alabuga é um ponto central do programa de fabricação de drones da Rússia. Lá, o país produz milhares de aeronaves por meio de parcerias com o Irã, que compartilha tecnologia com o regime de Vladimir Putin, e de componentes fornecidos pela China, segundo a Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC).

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Adolescentes, incluindo estudantes de 14 e 15 anos, são utilizados na produção de drones Shahed na Rússia.
  • Uma reportagem da mídia ucraniana revelou as condições de trabalho na fábrica da Zona Econômica Especial de Alabuga.
  • Estudantes enfrentam jornadas extenuantes, e os que se recusam a trabalhar podem ser expulsos da faculdade.
  • Propostas para legalizar o trabalho de menores em condições perigosas estão em consideração pelas autoridades do Tartaristão.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Segundo o site ucraniano, a filmagem da TV estatal russa mostra adolescentes, incluindo alunos do nono ano, com idades entre 14 e 15 anos, do Colégio Politécnico de Alabuga, trabalhando na montagem de drones iranianos Shahed-136, conhecidos como Geran-2 na Rússia, que desempenham um papel crucial no conflito.


Segundo o apresentador do programa, esses jovens conciliam estudos e trabalho na fábrica. “Centenas de máquinas, milhares de trabalhadores e, para onde quer que você olhe, é tudo juventude”, diz o apresentador na filmagem.

Nas imagens divulgadas pela TV russa, é possível ver também uma faixa na fábrica com a frase “Kurchatov, Korolev e Stalin vivem em seu DNA”. A mensagem, que exalta figuras históricas soviéticas, já havia sido usada em 2023 pelas autoridades de Alabuga, quando a instalação foi alvo de sanções da União Europeia.


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Trabalho forçado e punições severas

Essa não é a primeira vez que a fábrica de Alabuga é alvo de denúncias. Em 2023, os projetos investigativos Protocol e RZVRT revelaram que estudantes estavam sendo pressionados a trabalhar na produção de drones em condições adversas.

Segundo os relatos, os jovens eram submetidos a jornadas de 24 horas, muitas vezes sem descanso ou alimentação adequados. Aqueles que se recusavam a trabalhar enfrentavam ameaças de expulsão da faculdade.


As punições, no entanto, iam além do ambiente acadêmico. Estudantes que não atendiam às expectativas eram supostamente submetidos a castigos físicos, como jogar paintball em que o time perdedor era alvejado à queima-roupa com bolas de tinta, cavar trincheiras na chuva ou simular ataques militares sem equipamentos adequados, enquanto eram atacados por funcionários.

Os jovens também enfrentavam barreiras legais para abandonar o trabalho. Seus contratos, segundo as denúncias, estipulavam que os pais deveriam reembolsar a faculdade pelos custos de treinamento em caso de expulsão, o que os mantinha presos à instituição.

“Kurchatov, Korolev e Stalin vivem no seu DNA”, diz faixa de propaganda em fábrica russa de drones Reprodução/Zvezda

Em maio, um relatório divulgado pela GI-TOC revelou uma série de denúncias de exploração de trabalhadores na ZEE de Alabuga.

Um programa de trabalho na região, segundo o relatório, recrutava mulheres de 18 a 22 anos de países da América Latina, Sul da Ásia, África e ex-União Soviética, muitas vezes por meio de redes sociais e intermediários locais.

Depoimentos coletados pela GI-TOC indicam que essas trabalhadoras não eram informadas de que trabalhariam na produção de armas. Em vez disso, elas acreditavam que iriam participar de um programa de trabalho-estudo.

Os relatos descrevem também condições adversas, como longas jornadas de trabalho, exposição a produtos químicos perigosos, vigilância constante e assédio.

Tentativas de legalizar trabalho de menores

As autoridades do Tartaristão já propuseram medidas para legalizar o uso de menores nesse tipo de trabalho. Um “programa de assistência ao emprego para jovens” foi sugerido para permitir que adolescentes a partir de 14 anos trabalhassem na fábrica, segundo o United24.

Além disso, foram elaboradas emendas ao Código do Trabalho Russo para autorizar jovens com 16 anos ou mais a trabalharem em condições perigosas, uma iniciativa fortemente apoiada pela liderança de Alabuga.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acredita que a Rússia consegue produzir 300 drones de longo alcance diariamente. A meta dos russos, de acordo com ele, é fabricar 500 aeronaves por dia.

A Rússia tem intensificado ataques aéreos contra a Ucrânia desde que drones furtivos ucranianos destruíram uma parte significativa da frota de bombardeiros de Vladimir Putin, no dia 1º de junho deste ano.

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