'Vamos passar por esta fronteira', diz embaixadora de Guaidó no Brasil
Dois caminhões grandes carregam parte da ajuda humanitária doada pelo Governo brasileiro, mas ponte que liga dois países continua fechada
Internacional|Da EFE
María Teresa Belandria, a representante no Brasil designada pelo presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó, garantiu neste sábado (23) que os veículos com ajuda humanitária passarão pela fronteira, que está fechada desde a quinta-feira (21) por ordem do governo de Nicolás Maduro, para entregar a primeira remessa de mantimentos.
"Hoje podemos dizer que vamos passar por esta fronteira e que nosso país está muito próximo" de conseguir a "entrada desta primeira remessa de ajuda humanitária", disse Belandria em entrevista coletiva na cidade de Pacaraima (RR), situada na fronteira entre os dois países.
A coletiva também contou com a participação do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e de William Popp, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
A ajuda humanitária foi solicitada por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela em janeiro e foi reconhecido por cerca de 50 países, entre eles os Estados Unidos e o Brasil.
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Duas caminhonetes grandes, com placas venezuelanas, estão transferindo neste momento parte das 200 toneladas de ajuda humanitária recolhida no Brasil, de Boa Vista, a capital de Roraima, até Pacaraima, que fica a 220 quilômetros de distância.
Não obstante, tudo indica que as caminhonetes não conseguirão cruzar a fronteira, pois ela continua fechada.
Belandria afirmou que foram "grandes as dificuldades" para conseguir transporte para a fronteira porque o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "ameaçou as empresas de transporte que atravessam todos os dias" a divisa entre os dois países com o cancelamento de suas licenças.
Uma das condições do governo brasileiro para a transferência da ajuda humanitária de Boa Vista até o país vizinho é que esta fosse executada por "caminhões venezuelanos, conduzidos por venezuelanos".
Belandria disse que todos os esforços serão feitos para conseguir mais caminhões e assim poder levar toda a ajuda. "Vamos levá-la à Venezuela, não tenho dúvidas", frisou.
Além disso, a diplomata indicou que as expectativas aumentaram nas últimas horas depois que na cidade de Cúcuta, na fronteira entre Colômbia e Venezuela, pelo menos quatro integrantes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) desertaram e abriram um dos acessos fronteiriços entre os dois países.
"Usaram um blindado, afastaram os contêineres que fechavam a passagem e abriram um espaço, ou seja, fizeram o que o presidente (Guaidó) pediu e determinou às autoridades militares, que ponham a mão no coração e pensem que os caminhões estão transportando remédios para suas famílias e arroz e leite para seus filhos", acrescentou a diplomata.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, que também acompanha o transporte dessa primeira remessa de ajuda, comentou que tem a "expectativa" de que a fronteira seja aberta "a qualquer momento".
Araújo também informou que, neste primeiro envio, foram incluídos todos os remédios, assim como leite em pó, doados pelo Brasil, e arroz, comprado pelos Estados Unidos.
"Nosso compromisso é acompanhar a ajuda e fazer esse chamado para a abertura da fronteira e a entrada de ajuda humanitária", acrescentou o chanceler.
William Popp, por sua vez, afirmou que o papel dos EUA é "completamente humanitário e em coordenação com o governo brasileiro". Além disso, pediu às forças de segurança venezuelanas que deixem a ajuda entrar e "não usem a violência contra o seu povo".
"O mundo está de olho", assinalou Popp.