MP investiga diretor de hospital em caso de médico acusado de abusos em Itabira (MG)
Ministério Público também instaurou inquérito cível para investigar a conduta omissa do hospital diante das denúncias
Minas Gerais|Maria Luiza Reis, do R7 e Bruno Menezes, da Record Minas

O Ministério Público de Minas Gerais instaurou procedimento criminal para investigar a conduta do diretor do Hospital Nossa Senhora das Dores, em Itabira, a 107 km de Belo Horizonte. O procedimento foi instaurado após mais de 15 mulheres denunciarem o médico Danilo Costa, de 46 anos, que atuava na unidade, por abuso e importunação sexual.
Além do processo criminal, o Ministério Público também instaurou inquérito cível para investigar a conduta omissa do hospital diante das denúncias. Nesta semana, a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o primeiro inquérito do caso, após 15 vítimas denunciarem o médico para a polícia. Na última sexta-feira (21), o MPMG denunciou o profissional à Justiça por seis crimes de estupro consumado, dois crimes de estupro tentado e dois crimes de importunação sexual.
A Polícia Civil abriu um segundo inquérito para apurar novas denúncias contra o médico. Segundo o delegado que acompanha o caso, João Teixeira, cinco novas mulheres residentes nas cidades de Itabira, São Gonçalo e Barão de Cocais procuraram a delegacia para denunciar o médico.
O Hospital Nossa Senhora das Dores informou “desde o início das investigações, está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos” e que, até o momento, a instituição “não foi comunicada oficialmente sobre este posicionamento do Ministério Público. O hospital não recebeu intimação para nenhum procedimento investigatório e não teme caso ele seja realizado.”
Confira a nota do hospital na íntegra:
“O Hospital Nossa Senhora das Dores reforça que não compactua com atitudes de qualquer natureza que possam causar danos aos seus pacientes e/ou colaboradores e continua contribuindo com as autoridades e, prestando seu apoio e solidariedade às vítimas do mastologista Danilo Costa. Reforça, ainda, que não faz parte dos seus valores, tampouco da história de 165 anos, este tipo de conduta.
Por isso, desde o início das investigações, o HNSD e sua diretoria têm sido transparentes no processo de gestão das informações referentes ao fato, tanto para o público interno e externo como, também, para as autoridades, tendo em vista o comprometimento com a verdade, com a justiça e com seu propósito em defender a vida e cuidar das pessoas.
Assim sendo, não há omissão por parte do hospital que, ao contrário, desde o início das investigações está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos. Importante frisar que até o momento do envio desta nota, a instituição não foi comunicada oficialmente sobre este posicionamento do Ministério Público. O hospital não recebeu intimação para nenhum procedimento investigatório e não teme caso ele seja realizado.
Salientamos, que a instituição tem um canal oficial de denúncias localizado no site www.hnsd.org.br e os colaboradores sabem da sua existência e são incentivados (as) a usá-lo para este fim. No canal a pessoa pode ou não se identificar. As denúncias são encaminhadas para a Comissão de Ética que faz a apuração e investigação dos casos e dá prosseguimento administrativamente aos casos junto ao jurídico e diretoria.
Importante frisar que não houve registros relativos ao caso investigado no canal de denúncias da instituição até a data de hoje.”
Relembre o caso
Danilo Costa foi preso no dia 3 de fevereiro, dez dias depois da primeira denúncia. A investigação foi iniciada depois que a filha de uma paciente em tratamento de câncer registrou um boletim de ocorrência denunciando que a mãe havia sido abusada sexualmente pelo mastologista. Ela contou que, logo ao entrar na sala, o médico cometeu o abuso. Após o ato, ele entregou a receita e o agendamento para uma nova consulta.
Como mostrou matéria exibida pelo Domingo Espetacular, da RECORD, um mandado de busca e apreensão foi expedido e celulares do médico foram apreendidos. A Polícia disse à reportagem que o profissional apagou os celulares, mas os dados foram recuperados e estão sendo analisados pela perícia.