A Samarco inicia nesta semana as obras de preparação da estrutura que vai substituir a barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, no depósito de rejeitos de mineração da empresa. A previsão é de que o trabalho seja concluído em agosto de 2019. Ainda assim, a mineradora não garante voltar às atividades na cidade no próximo ano.
A barragem de Fundão rompeu em novembro de 2015, deixando 19 mortos e 362 famílias desabrigadas nos distritos de Bento Rodrigues, Gesteira e Paracatu de Baixo. A lama de rejeitos atingiu o Rio Doce e chegou até o oceano Atlântico, no litoral norte do Espírito Santo. O caso é considerado a maior tragédia ambiental do país.
A grande cratera que vai passar a receber os restos da mineração é chamada de cava Alegria Sul. A estrutura foi originada a partir da escavação do terreno para extração de minério. Agora, ela será preparada para servir de depósito para até 16 milhões de metros cúbicos de resíduos. Segundo a Samarco, ela permite a contenção segura dos rejeitos, uma vez que possui formação rochosa e estável.
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A vida útil da cava será de aproximadamente sete anos, graças a um processo que vai reduzir o volume do material por meio de um processo de filtragem de adensamento da lama. O processo também garantirá a recirculação de água na produção.
A cava fica dentro do complexo Germano, o mesmo que foi palco da tragédia que matou 19 pessoas na tragédia de 2015. No entanto, ela fica afastada das áreas de barragens. A estimativa da Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billinton, é de que a obra contará com o apoio de 750 funcionários diretos e indiretos. Alguns deles, serão trabalhadores que já são contratados pela firma.
Auditoria
Na última sexta-feira (28), a Samarco firmou um Termo de Compromisso com o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) se comprometendo a contratar uma empresa de auditoria independente para acompanhar a implementação do sistema de deposição de rejeitos. Essa equipe será responsável por atestar a segurança técnica e ambiental da cava.
Mesmo após a conclusão da cava, a mineradora não tem previsão de voltar a funcionar em 2019. Para que os trabalhos sejam retomados, a empresa precisa de revalidar todas as licenças operacionais que foram suspensas pela Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente) em outubro de 2016. O pedido de LOC (Licenciamento Operacional Corretivo) foi feito em setembro de 2017 e a Samarco espera reaver as autorizações no decorrer do próximo ano.