Após cinco meses, os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Belo Horizonte destinados a pacientes com covid-19 voltaram a encher. Todos os 50 leitos separados para pacientes mais graves estão ocupados neste momento. Na enfermaria, a taxa é de 94%.
A direção do hospital avalia a necessidade de abrir novos leitos para atender mais pacientes. No entanto, para isso, é preciso desmobilizar vagas destinadas a pacientes que precisem de leitos de UTI por outros problemas, como infarto, AVC ou cirurgias de urgência.
O diretor de Assistência a Saúde da Santa Casa de Belo Horizonte, Guilherme Riccio, afirma que a partir do dia 12 de julho, a taxa de ocupação dos leitos de UTI começou a cair. Naquela época, eram 100 leitos específicos para pacientes com covid-19, o dobro do que o hospital tem hoje.
— Em julho, nós tivemos 100 leitos disponíveis para covid. A partir dessa época a epidemia foi caindo, em agosto, setembro, outubro. Agora, estamos com 50 e temos possibilidade de expandir. Quando aumentamos o tamanho do CTI para covid, não é possível compartilhá-lo com outros doentes. Essa medida deve ser muito equilibrada, porque o mundo continua. Continuando havendo casos de infarto, AVC, cirurgias de urgência e, agora, também de covid-19.
De acordo com Riccio, o relaxamento das pessoas com relação a medidas de isolamento social, como sair de casa somente em casos de necessidade e o uso de máscaras contribuiu para a piora no cenário.
— O que aconteceu, de fato, hoje, é um relaxamento no isolamento social. Houve flexibilização por parte dos governos e o pessoa foi relaxando. A gente vê as ruas cheias, pessoas sem máscara, festas. Os bares e restaurantes estão cheio. Isso aumentou a transmissão do vírus. Agora, em novembro, o patamar subiu de novo e não sei onde vamos chegar.
Internação
De acordo com o médico Guilherme Riccio, o perfil dos internados no CTI ainda é de pessoas idosas e com comorbidades, mas que ele tem visto casos preocupantes de jovens em estado grave.
— Eu tenho visto muitos pacientes jovens muito graves, sem comorbidade, e não se consegue explicar. Essa doença tem muitas formas, não obedece um padrão e varia muito. Tem o caso de um rapaz de 27 anos, que chegou gravíssimo há oito dias e continua. Ao mesmo tempo, tem casos de pacientes idosos que ficam muito graves e acabam conseguindo vencer a doença e saem do hospital.
Para Riccio, as pessoas têm que entender que a covid-19 é uma doença grave.
— Diferentemente do que algumas pessoas têm dito por aí, não é uma gripezinha. Para algumas, pode ser, mas quando ela se manifesta de maneira grave, os pacientes ficam em estado gravíssimo.