Depois de votarem pela abertura do processo de cassação do vereador Wellington Magalhães (DC), investigado por desvio de recursos públicos em contratos de publicidade da Câmara Municipal, os parlamentares "subiram no muro" e evitaram se posicionar sobre uma eventual perda do mandato do colega.
Desde a última segunda-feira (12), a reportagem do R7 entrou em contato com os gabinetes de todos os 38 vereadores que podem votar no processo e apenas três se posicionaram contra Magalhães: Carlos Henrique (PMN), Gabriel Azevedo (PHS) e Pedro Bueno (PODE).
Os três tiveram a mesma postura em 2018, quando a rejeição a um relatório que pedia a cassação do vereador acabou livrando-o de perder o cargo por cinco votos. À época, 23 pediram a cassação de Magalhães e outros 15 se abstiveram. Para que um vereador perca o mandato, são necessários 28 votos, segundo o Regimento Interno do Legislativo de Belo Horizonte.
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Outros 12 parlamentares disseram não querer se posicionar no momento, antes da apresentação do relatório final da comissão processante instalada nesta quarta (14) para investigar as denúncias contra o vereador investigado. O texto só deve ser apresentado em novembro. Por fim, 23 parlamentares não retornaram aos pedidos de posicionamento feitos pela reportagem desde o início da semana.
Vale lembrar que a presidente da Casa, Nely Aquino (PRTB), o vereador Mateus Simões (Novo), autor da denúncia contra o acusado e o próprio Magalhães não podem votar na sessão.
Comissão processante
O vereador Wellington Magalhães (DC) vai enfrentar, pela segunda vez, um processo de cassação do seu mandato na Câmara de Belo Horizonte. Em sessão nesta quarta-feira (14), o plenário da Casa aprovou, por unanimidade, a abertura de um processo que pode resultar na perda do cargo do parlamentar. Foram 39 votos a favor, nenhum contrário e nenhuma abstenção.
Após a confirmação do resultado em plenário (que contou com voto a favor do próprio Wellington Magalhães), três vereadores foram sorteados para compor a comissão processante: Preto (DEM), Elvis Côrtes (PHS) e Maninho Félix (PSD). Os dois primeiros, escolhidos presidente e relator do colegiado, respectivamente, se abstiveram de votar pela cassação de Magalhães no ano passado.
Com a abertura do processo de cassação de Wellington Magalhães, ele passa a ser investigado tanto pelo Ministério Público de Minas Gerais como pela Câmara de Belo Horizonte. O vereador é acusado de esquema de desvio de R$ 30 milhões por meio de fraudes em contratos de publicidade quando ele ocupava a Presidência da Câmara.
Magalhães foi alvo da Operação Sordidum Publicae e foi preso após se entregar para a Polícia. O parlamentar ficou afastado do cargo por mais de um ano e só retornou com uma autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e, hoje, é monitorado por tornozeleira eletrônica.