Em clima de guerra, eleição na Venezuela pode acabar com o chavismo: eles vão saber perder?
Nicolás Maduro disse que em caso de derrota “haverá banho de sangue”. Oposição pede respeito ao resultado
A eleição deste domingo na Venezuela será uma das mais tensas da história do continente. Na capital do país, Caracas, existe um clima de guerra e o medo real de uma guerra civil. Em outras regiões, as pessoas andam com medo de falar de política. E a situação não é para menos: em 25 anos, é a primeira vez que o movimento criado pelo ex-presidente Hugo Rafael Chávez pode sair do poder pela porta da frente.
O chamado “chavismo” começou com a eleição dele em 1999.
O “comandante” mudou a constituição, criou um modelo próprio de socialismo e prometeu fazer da Venezuela um exemplo para América. Na época, com o preço do petróleo em alta, estatizou o que podia e concentrou o poder. Inchou a máquina pública e criou uma espécie de divindade em torno da figura dele. Era chamado pelos apoiadores de “pai da nação”. Mas o que se viu na prática foi uma Venezuela quebrada, sem recursos e com as pessoas passando fome.
Até hoje, centenas de cidadãos deixam o país em busca de oportunidades. Esse sentimento de revolta e cansaço com o sistema coloca de vez o “chavismo” em xeque. E a chance de perderem eleição dessa vez é real.
Do lado governista está Nicolás Maduro. Vice-presidente de Chávez, ele assumiu o poder logo após a morte do comandante, em 2012. Com a máquina pública na mão, não deixou mais a presidência.
Aqui, é importante citar que o modelo chavista conseguiu estender os tentáculos do Congresso à Suprema Corte. O sistema é quase todo pareado. Eleições são sempre vistas com desconfiança e acompanhadas de uma enxurrada de denúncias de corrupção. Mas não dessa vez. Sem dinheiro e vendo a população cada vez mais hostil, Maduro aceitou convidar olheiros internacionais para acompanhar as eleições. Em troca, os Estados Unidos aliviariam as sanções econômicas.
Nesse ponto, era o negócio perfeito. Mais dinheiro para distribuir e o povo iria, na cabeça deles, acabar voltando a apoiar Chavismo. Mas o tiro saiu errado.
Na última pesquisa, o candidato da oposição, Edmundo Urratia, um ex-embaixador, aparece disparado no primeiro lugar com 60%. Maduro não passa de 20%. O jogo virou.
Acuado, falou que haveria um “banho de sangue” se perdesse. Saiu disparando até contra presidentes aliados na América Latina. Prendeu adversários políticos. Mas de nada adiantou.
O filho dele, em entrevista, disse que acredita na vitória. Mas, em caso de derrota, vão passar o poder.
Maduro está sem saída, sem os conselhos de Chávez e sem rumo.
A eleição é domingo, com turno único. Em votação, o futuro do país: a continuação do chavismo ou uma nova chance para a Venezuela?
E o mais importante ponto em uma democracia: eles vão saber perder?
O resultado sai domingo.
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