A medida entregue esta semana ao Congresso que isenta de pagamento do imposto de renda de contribuintes com renda até R$5.000 mensais é vista como ferramenta para alavancar a popularidade do governo e, em particular, a do ministro da Fazenda. Fernando Haddad deixa claro que não acredita em resistência à medida — de forte apelo popular — mesmo entre a oposição mais dura no Congresso. “Não consigo enxergar alguém da extrema-direita subir na tribuna e justificar a cobrança do imposto de quem ganha até R$ 5.000”, declarou. Uma vez aprovada, com ou sem a compensação fiscal que taxa camada mais rica da população, a medida amplia para 10 milhões de contribuintes de classe média a vantagem da isenção, que passa a valer em pleno ano eleitoral de 2026, se aprovada. Haddad viu sua popularidade afundar rapidamente após a percepção de encolhimento de sua autoridade na equipe de governo, em função de conflitos internos e divergência na condução da política econômica. De acordo com pesquisa Genial/Quaest, sua aprovação foi de 41% em dezembro para 10% em março. O ministro minimiza o resultado do levantamento, alegando que a amostra não é representativa, uma vez que a sondagem está restrita a pouco mais de cem integrantes do mercado financeiro. No início da gestão de Lula, Haddad era visto como interlocutor confiável por este nicho. A confiança foi minguando a partir da percepção de que o petista não conseguiu frear o ímpeto por mais gastos federais e culminou com a escolha de Gleisi Hoffmann para o cargo de ministra das Relações Institucionais.Gleisi tem adotado discurso moderado desde a posse, e se esforçado para demonstrar publicamente afinação com o colega da Fazenda. No entanto, os gestos simbólicos ainda não convenceram o mercado, de acordo com a sondagem.