Como fica a situação da Embraer após tarifaço de Trump?
Fabricante, que possui linha de produção nos Estados Unidos, aguarda o desenrolar da medida anunciada pelo líder americano

A Embraer sentiu de imediato as medidas tarifárias impostas pelo presidente americano ao Brasil. As ações da fabricante (EMBR3) caíram nesta quarta-feira (9) logo após o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma taxação de 50%. O papel da fabricante brasileira recuou 3,62%, e foi negociado a R$ 78,21.
A fabricante brasileira, que exporta aviões para os Estados Unidos, poderá se beneficiar, no entanto, da exceção aplicada às empresas que produzem em território americano. A empresa possui instalações industriais nos EUA, como a produção do modelo A-29 Super Tucano, Jacksonville, além da linha de produção dos jatos executivos da linha Phenom, produzidos em Melbourne, na Flórida.
Já os jatos comerciais E175, exportados em grande quantidade para a aviação regional dos EUA, são da linha de montagem de São José dos Campos (SP). A Embraer aguarda o desenrolar das medidas e eventuais negociações entre os governos brasileiro e americano.
A Embraer tem repetido que, caso a tarifa seja aplicada, ela será repassada integralmente às companhias aéreas. Em março, Aengus Kelly, CEO da AerCap, a maior empresa de leasing de aeronaves do mundo, já havia comentado os reflexos das tarifas impostas por Trump ao mundo.
“Ninguém vai pagar isso”, disse Kelly durante uma entrevista a uma rede de TV americana esta semana. “O cliente não vai aceitar. O que vai acontecer é que as companhias aéreas que não podem pagar pelo avião vão ligar para a Airbus”.
Kelly comentou ainda a política de reciprocidade imposta a Trump pelos países afetados e deu um exemplo: as aeronaves da fabricante americana Boeing, incluindo seu carro-chefe, o 787 Dreamliner, podem custar até US$ 40 milhões (R$ 230 milhões) a mais por avião no pior cenário, devido às tensões comerciais provocadas pelas tarifas de Donald Trump.
O presidente Lua se reuniu com ministros da área econômica assim que foi comunicado da decisão de Trump e sinalizou com a reciprocidade de tarifas. Luiz Inácio Lula da Silva avisou nesta quarta-feira (9) que devolve a carta por meio da qual o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou a imposição unilateral de tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil.
Na noite de ontem, o encarregado de negócios Gabriel Escobar, chefe da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, foi convocado pela segunda vez no dia a comparecer ao Itamaraty. Ele é a principal autoridade do governo americano no país desde janeiro, quando a ex-embaixadora Elisabeth Bagley voltou aos EUA. Trump nunca indicou seu novo representante.
Posicionamento da Embraer
A Embraer informou em nota que está avaliando os possíveis impactos em seus negócios da possibilidade de aumento de tarifa anunciada pelo governo americano sobre os produtos brasileiros, caso o decreto se aplique à indústria de aviação no Brasil.
“Tais impactos serão abordados em conferência de resultados do segundo trimestre, no dia 5 de agosto”, afirmou em nota.
“A empresa está trabalhando com as autoridades competentes visando reestabelecer a alíquota zero dos impostos de importação para o setor aeronáutico”, acrescentou a empresa.
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