Acusação do caso Gil Rugai diz que erro em vídeo de perícia não deve influenciar decisão dos jurados
Nesta segunda, defesa do ex-seminarista tentou desconstruir o trabalho de investigação
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
O assistente de acusação do caso Gil Rugai, Ubirajara Mangini, afirmou, nesta terça-feira (19), que o erro em um vídeo da perícia, apontado pela defesa do ex-seminarista, não deve influenciar a decisão dos jurados. Nesta segunda-feira (18), os advogados de Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta em 2004, mostraram que houve erro no vídeo, além do desaparecimento de uma peça-chave do processo.
O erro apontado pelos advogados Marcelo Feller e Thiago Anastácio é que o vídeo que integra o laudo pericial do caso mostra uma simulação do acusado chutando a porta da sala do pai com o pé esquerdo, quando na verdade, deveria ser com o pé direito.
Mangini, no entanto, diz acreditar que isso não afetará o trabalho da acusação. Ele afirmou que, apesar dos erros no vídeo, o laudo está “perfeito”.
— O erro foi na arte que foi feita da perícia. Houve uma terceirização do serviço. O IC [Instituto de Criminalistica] deveria ter verificado, mas passou. O laudo, em si, está perfeito. Realmente foi feito com o pé direito, que mostra a marca do pé de Gil Rugai.
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O assistente ainda falou que o depoimento do delegado, marcado para esta terça-feira, vai esclarecer que o vigia Domingos Ramos de Oliveira, que afirmou ter visto Gil Rugai saindo da casa das vítimas na noite do crime, não recebeu nenhum tipo de ameaça.
Mangini ainda comentou sobre a afirmação dos advogados de defesa de Gil Rugai, que afirmaram na manhã de segunda-feira que darão “nomes e sobrenomes” de pessoas que deveriam ter sido investigadas. Segundo o assistente, se houvesse algum suspeito, a defesa já deveria ter informado ao juiz ou a autoridade policial para investigar o caso.
Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e será julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e por estelionato, em razão do desfalque dado na produtora do pai.