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Mãe de criança que morreu após fumar 'supermaconha' diz ter pedido ajuda ao Conselho Tutelar

Serviço social afirmou não ter projetos contra uso de drogas por se tratar de um órgão protetivo, e não preventivo

São Paulo|Sandra Lacerda, do R7*

Mãe disse ter procurado o Conselho Tutelar para ajudar crianças viciadas em Diadema (SP)
Mãe disse ter procurado o Conselho Tutelar para ajudar crianças viciadas em Diadema (SP) Mãe disse ter procurado o Conselho Tutelar para ajudar crianças viciadas em Diadema (SP)

A mãe do menino de 12 anos que morreu após fumar "supermaconha", em Diadema (SP), disse que pediu ajuda ao Conselho Tutelar e sugeriu o início de algum projeto durante as férias para envolver as crianças da região na luta contra o uso de entorpecentes. Porém, ela foi informada de que a proposta só começaria depois que as aulas voltassem.

“Eu sou diarista e trabalho fora, praticamente o dia todo. Meus filhos estão desde dezembro em casa, e eu queria que eles fizessem um curso de férias, mas não tinha nenhum disponível”, contou Kelly Santos.

De acordo com um conselheiro tutelar do departamento 1 de Diadema, que preferiu não se identificar, não existe um projeto contra o uso de drogas porque o Conselho Tutelar não é um órgão preventivo, mas protetivo.

“O Conselho Tutelar é acionado quando os direitos das crianças são negligenciados. No caso do uso de drogas, projetos de prevenção são papel da área da saúde. O que a gente pode fazer é encaminhar para serviços como o Cras (Centro de Referência de Assistência Social)”, explicou.

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O caso aconteceu no bairro Campanário, periferia de Diadema, na região metropolitana de São Paulo, na sexta-feira (3). A mulher contou que usar maconha sintética é comum entre meninos e meninas da região. “O uso de drogas entre as crianças não para. Em todo lugar que eu ando ainda vejo crianças usando”, falou.

Kelly quer que projetos contra o uso de drogas, especialmente a supermaconha, sejam implantados na comunidade onde mora, para que a tragédia não se repita e que ninguém sinta a dor que ela sentiu quando o filho morreu.

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“Foi uma perda muito grande. Perder o meu filho para as drogas, uma droga que chegou em tão pouco tempo e conseguiu devastar a vida de muitas pessoas. Não dá mais”, afirmou.

Supermaconha

Também conhecida como K2, K9 e spice, a maconha sintética é uma substância química criada na década de 1990 nos Estados Unidos. Ela provoca efeitos de euforia e agitação, além de possíveis ataques epilépticos nos usuários. O consumo do entorpecente no Brasil tem crescido muito nos últimos anos, e especialistas já consideram essa droga o crack do futuro.

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A psicóloga de um centro de atendimento a dependentes químicos de São Paulo Giovanna Guarato Zanforli conta que a procura por internações tem aumentado muito nos últimos meses. “Eles chegam aqui quando não conseguem lidar com a abstinência. A absorção da substância pelo corpo é veloz, e isso causa um efeito muito rápido. Quando a absorção acaba, a euforia cai de forma acelerada. Isso faz com que a pessoa busque a droga cada vez mais, o que até pode desencadear quadros de violência”, afirma.

Dados da SES (Secretaria de Estado da Saúde) mostram que, em 2022, ocorreram 16,6 mil internações por transtornos mentais e comportamentais associados ao uso de drogas.

* Estagiária sob supervisão de Guilherme Padin

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