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Calor à noite é mais prejudicial à saúde do que durante o dia

Organização Meteorológica Mundial alerta para o aumento do número de ataques cardíacos e mortes em locais da Europa que têm altas temperaturas

Saúde|Do R7

Em algumas localidades, termômetros têm chegado facilmente aos 40°C
Em algumas localidades, termômetros têm chegado facilmente aos 40°C

O Hemisfério Norte passa atualmente por seis vezes mais ondas de calor do que havia na década de 1980. Em locais onde a temperatura supera os 45°C, o calor pode permanecer por volta dos 40°C à noite, o que é mais perigoso para a saúde do que a temperatura diurna, segundo alertou nesta terça-feira (18) um especialista da OMM (Organização Meteorológica Mundial).

“As temperaturas noturnas são particularmente perigosas para a saúde humana porque o corpo é incapaz de se recuperar do calor permanente, levando a um aumento do número de ataques cardíacos e mortes”, disse o especialista em calor extremo da organização, John Nairn.

A OMM, braço científico das Nações Unidas, aceitou como oficial um novo recorde de temperatura continental para a Europa, registrado em 1º de agosto de 2022 na Sicília (Itália): 48,8°C.

Segundo os pesquisadores, as ondas de calor estão entre as ameaças climáticas mais mortais, e estima-se que, no verão passado, causaram mais de 60 mil mortes somente na Europa.


“E acredita-se que este número seja conservador”, frisou Nairn, que refletiu sobre o fato de que isso está acontecendo na região com um dos mais avançados sistemas de alerta climático precoce, “com o que podemos imaginar quais seriam os números no resto do mundo".

Os cientistas estão certos que o fenômeno El Niño amplificará a frequência e a intensidade dos episódios de calor extremo.


O especialista da OMM afirmou que a temperatura global é agora mais alta do que a registrada durante o fenômeno El Niño na década de 1980.

"Sinto muito, mas as temperaturas continuarão subindo", previu.


Sobre o impacto do El Niño na Europa, Nairn explicou que costuma ser sentido de forma mais evidente em toda a bacia do Mediterrâneo e que, entre as mudanças que se podem esperar, está a antecipação das ondas de calor, ou seja, durante a primavera no hemisfério norte.

Sete países do sul da Europa emitiram alertas de calor extremo para os próximos dias, e as temperaturas devem permanecer altas em agosto.

Segundo dados da IFRC (Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho), no ano passado, a alta mortalidade provocada na Europa pelas sucessivas ondas de calor foi registrada sobretudo na Espanha, Itália, Grécia e em Portugal.

"A maioria das mortes relacionadas com esta situação não ocorre devido a ataques cardíacos, mas devido ao impacto em pessoas com doenças preexistentes. O calor extremo pode agravar problemas cardiovasculares e respiratórios", declarou, na mesma coletiva de imprensa, o responsável por emergências de saúde da organização humanitária, Panu Saaristo.

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