Elon Musk só circula na sede do Twitter com guarda-costas, que o seguem até no banheiro
Segundo engenheiro que se manteve anônimo, medida de segurança é reflexo de crise de confiança enfrentada pela empresa
Tecnologia e Ciência|Filipe Siqueira, do R7
O Twitter vive um momento de absoluta bagunça, em que engenheiros com anos de experiência são demitidos, e serviços antes desenvolvidos por uma equipe de 20 pessoas são mantidos por um único funcionário recém-contratado. Além disso, Elon Musk, proprietário da rede social, vive em estado de muita desconfiança e só anda na sede principal da plataforma acompanhado por "pelo menos dois guarda-costas".
A revelação foi feita por uma longa reportagem da BBC, que descreveu ainda como o Twitter não é mais capaz de manter um ambiente seguro de trolls e outros assediadores online.
A rede de notícias conversou principalmente com um engenheiro que não teve a identidade revelada (e foi nomeado Sam) e ainda trabalha no principal escritório da empresa, em São Francisco, no estado da Califórnia.
"Onde quer que ele vá no escritório, há pelo menos dois guarda-costas — muito fortes, altos, guarda-costas [no estilo de filmes de Hollywood]. Mesmo quando [ele vai] ao banheiro", revela Sam.
A paranoia de Musk, que comprou a rede social por US$ 44 bilhões e luta para conseguir receita dela, é apenas parte do problema.
Conteúdo tóxico
Pesquisas internas da empresa sugerem que conteúdos de ódio cresceram no Twitter sob gestão de Musk, bem como trolls e perseguição. Os gerentes que cuidavam das ferramentas para evitar esses tipos de ataque foram demitidos ou receberam novas atribuições, revelou a fonte.
"Não há ninguém lá para trabalhar nisso neste momento", disse Lisa Jennings Young, ex-chefe de design de conteúdo do Twitter, que se referiu a um sistema que alertava usuários sobre o uso de possíveis palavras de ódio antes que o tuíte fosse enviado para publicação.
Conteúdos que envolvem exploração sexual infantil também se tornaram um problema crescente na plataforma, ainda que o assunto ainda não seja investigado por autoridades.
Segundo os entrevistados, não há nenhum tipo de iniciativa para lidar com essas questões no momento, tampouco para diminuir a crise de confiança que separa Musk de seus funcionários.
Novo CEO
O bilionário afirmou recentemente que está em busca de um CEO para liderar a rede social, após usuários decidirem em uma enquete pelo afastamento dele como presidente da plataforma.
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Especulações internas de funcionários do Twitter mostram que o novo CEO pode ser um velho aliado de Musk: Steve Davis, atualmente presidente da Boring Company, a empresa de Musk que cria túneis para diminuir o tráfego em grandes cidades — além de lança-chamas de brinquedo que foram considerados armas perigosas.
Segundo o site Platformer, Davis ajudou a planejar a mais recente rodada de demissões da empresa, que dispensou 200 funcionários, enquanto dormia na sede da empresa acompanhado do filho recém-nascido.
Anteriormente, Davis foi encarregado por Musk de cortar cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,58 bilhões) em custos operacionais da rede social. Segundo o site The Information, ele conseguiu cortar o dobro do valor — ao custo de não pagar aluguel de escritórios importantes e se livrar de servidores de backup que garantem o funcionamento da plataforma.
Em alguns postos de trabalho, funcionários precisaram levar o próprio papel higiênico porque a empresa parou de repor itens básicos. Além disso, Musk leiloou itens de escritórios para levantar dinheiro.
Antes de chegar ao Twitter e à Boring Company, Davis trabalhou na SpaceX — de acordo com a reportagem, os dois trabalham juntos desde 2003.
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