Convenhamos, carro esportivo não tem nada a ver com fora-de-estrada. São quiçá extremos opostos. Mas, de alguma forma, esta é a proposta do Volkswagen Cross Up TSI. Embora o moderno motor 1.0 turbo entregue alto desempenho para a sua cilindrada, visto de fora o que chama a atenção é seu visual fora-de-estrada, com suspensão elevada e penduricalhos lameiros puramente estéticos. Tal combinação é sinal dos novos tempos.
Para a sorte dos brasileiros, os motores estão evoluindo. No caso deste inédito 1.0 turbo de três cilindros do Up, os números impressionam não só pela performance extraída de um bloco "mil", mas também pelo consumo. São até 105 cv de potência e um torque máximo de 16,8 kgfm despejado desde as 1.500 rotações. O consumo médio oficial é de 14,7 km/l na estrada, com gasolina. Mas durante nossos testes, o compacto chegou a assinalar 16,5 km/l.
Tal destreza pelo baixo consumo — é o carro mais econômico do Brasil pelo Inmetro — vem das tecnologias. Este 1.0 TSI possui três cilindros e 12 válvulas, comando duplo variável de válvulas (admissão e escape), injeção direta e o turbocompressor. Ao volante, o poder de aceleração é marcante, mesmo no Cross Up. Seu apetite por velocidade faz até o motorista se esquecer de que está a bordo de um hatch popular com estética aventureira.
Por enquanto, o motor 1.0 turbo do Up vem acoplado sempre à transmissão manual de cinco marchas, que realça a sensação de uma tocada esportiva. A caixa (MQ200) é a mesma dos demais compactos da marca, com engates secos e precisos, e curso reduzido. Alguns podem até sentir falta de uma opção automática ou automatizada — esta última disponível nas versões I-Motion 1.0 aspiradas, de até 82 cv. Mas aí abre-se mão do desempenho.
Em uma análise mais fria, o Cross Up turbo tem dois pontos negativos. O mais notável é o preço em relação ao tamanho. Dizem nas ruas que brasileiro compra carro por m², o que, no caso do hatch de entrada da Volks, pode ser verdade. Uma das explicações para o Up não estar arrebentando nas vendas desde o lançamento é a carroceria compacta. De fato, o espaço a bordo é limitado, em especial no banco traseiro. Por outro lado, a altura garante bom conforto a bordo.
Na versão de visual lameiro, tem-se ainda a suspensão elevada, que garante maior suavidade sobre o asfalto ruim. É mais macio, sem prejudicar excessivamente o equilíbrio em retas e curvas. Mas aí temos outro ponto fraco, a simplicidade. O Up foi criado para servir de acesso à marca, e isso fica nítido na cabine. O quadro de instrumentos é modesto, e não há opção de vidros elétricos nas portas traseiras. Isso em um carro que atinge R$ 50 mil.
Considerações finais
Com o motor 1.0 turbo, o VW Cross Up consegue unir mundos completamente distintos. De um lado, tem-se a estética fora-de-estrada, que, por mais criticada que seja, faz um sucesso danado nas vendas. Do outro, a esportividade inesperada em um popular "mil". Ao volante, o carrinho é extremamente ágil e encanta pela grande economia de combustível. O problema é mesmo o preço (a partir de R$ 47,5 mil) versus tamanho e simplicidade.