O Ministério Público da Bélgica anunciou nesta terça-feira (26) que vai reabrir as investigações sobre as circunstâncias da morte de Jonathan Jacob, jovem de 26 anos que foi esmagado pelo peso de vários policiais e agredido por um deles dentro de uma pequena cela de uma delegacia na Antuérpia, em 6 de janeiro de 2010.
O procurador-geral Yves Liégeois disse hoje à imprensa local que foi descoberto que um promotor estaria "diretamente envolvido" nos bastidores do caso e que esses novos elementos permitiram que a investigação fosse reaberta.
O caso, que aconteceu há mais de três anos, deixou o país em choque apenas agora, após a exibição de uma longa reportagem na noite de quinta-feira (21) no canal público VRT. O programa Panorama relatou as circunstâncias da morte de Jonathan e mostrou imagens do belga sendo esmagado por seis policiais com capacetes, cassetetes e escudos. O vídeo mostra que ele também levou cinco socos de um dos policiais.
Fotos: veja mais imagens da agressão
Confira trecho do programa de TV
O promotor envolvido no caso chama-se Herman Dams. Ele teria assumido ontem (25) que deu ordens para que Jonathan não ficasse na cela. Foi a primeira vez que ele confirmou ter participado do incidente que resultou na morte do belga.
Entenda o caso
Jonathan Jacob, de 26 anos, morreu após ser esmagado por policiais em 6 de janeiro de 2010. O fisiculturista dependente de anfetaminas havia ficado sem a droga e pediu a uma viatura que passava pela rua que o levasse. A polícia o levou a um centro psiquiátrico. No entanto, ao chegar ao centro, o jovem se recusou a ser levado para um quarto com dispositivos especiais de segurança e ficou muito agitado. Ele acabou provocando ferimentos em um policial.
Após o incidente, o centro se recusou a receber o paciente, que considerava muito violento, e os policiais levaram o jovem, que tirou a roupa, para a delegacia de Mortsel, no subúrbio da Antuérpia. No local, ele foi colocado em uma cela de isolamento de 3,5 metros quadrados.
Segundo a reportagem da VRT, um juiz ordenou à polícia que controlasse o jovem para que um médico administrasse uma injeção com calmante. Os funcionários chamaram a brigada de intervenção especial de polícia, cujos membros são conhecidos como "Rambos".
Seis policiais com capacetes, cassetetes e escudos lançaram uma bomba de efeito moral na pequena cela, se jogaram sobre Jonathan Jacob e o esmagaram com seu peso durante dois minutos para colocar as algemas no jovem. Um oficial deu cinco socos no jovem, antes de o médico injetar um calmante, segundo as imagens das câmeras de segurança exibidas pela VRT.
Neste momento, dois policiais perceberam que o jovem havia parado de se movimentar e o médico constatou que o coração havia deixado de bater. Os esforços de reanimação fracassaram e a necropsia revelou que ele morreu em consequência de uma hemorragia interna causada pelas agressões.
No início de fevereiro, a Justiça determinou o julgamento penal do ex-diretor do centro psiquiátrico que se recusou a receber o jovem, assim como do agente que o agrediu. Este policial permaneceu na ativa.
Promotores insistem que o policial que aparece no vídeo agredindo Jonathan não deve enfrentar um processo, porque os golpes eram destinados apenas a conter o jovem.
Os pais de Jonathan já haviam apresentado uma queixa porque partes do dossiê haviam desaparecido.