Passageiros afirmam que situação está caótica no aeroporto
TwitterSem voos disponíveis (devido às nevascas), os brasileiros que estão no aeroporto de Bariloche aguardando para retornar ao Brasil divulgaram, na tarde desta terça-feira (18), uma carta aberta em que acusam de descaso a companhia Latam. Eles dizem que estão sem assistência no local, em uma situação de caos. Ressaltam, entre outras acusações, que o cônsul brasileiro foi ignorado pelos atendentes e que os voos não são remarcados nem soluções alternativas são propostas para minimizar a situação.
A assessoria da Latam, consultada pelo R7, afirmou que a empresa estava seguindo a legislação local em relação aos passageiros e em nota oficial anterior à carta lamentou a situação, atribuindo as filas às condições climáticas e afirmando que está fazendo todo o possível para reacomodar os passageiros afetados por cancelamentos e reprogramações. Veja a íntegra da carta dos passageiros e em seguida um vídeo:
“Carta aberta à Imprensa Brasileira
A situação no aeroporto Internacional de Bariloche é caótica. Houve, de fato, circunstâncias meteorológicas que impediram voos na sexta-feira. Contudo, o aeroporto operou parcialmente nos demais dias, em especial as Companhias Austral e Aerolineas Argentinas. O que causa espanto é o total descaso e falsidade da empresa Latam, em especial nos seus relatos feitos para a mídia brasileira. A legislação brasileira (local de aquisição dos voos), a Argentina e até Tratados Internacionais estabelecem a necessidade de tratamento mínimo aos passageiros, inclusive por questões humanitárias.
Mães com crianças de colo, gestantes, portadores de necessidades especiais são encaminhados para filas quilométricas para fazerem check in em voos que já sabiamos que seriam cancelados (pois a aeronave sequer deixou o aeroporto de origem). As bagagens são remetidas ao andar de baixo e após aproximadamente 5 horas de atrasos de voo o voo é cancelado e as pessoas remetidas novamente a uma nova fila para recuperar a bagagem. Essa operação é feita diariamente, desde sexta, por muitos brasileiros.
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Após inúmeros contatos com a Embaixada e o Consulado conseguimos a presença do cônsul honorário Juan, o qual foi sumariamente ignorado pelos atendentes da Latam e despachado para o andar de baixo, como fazem com nossas bagagens.
Os voos não são remarcados nem soluções alternativas são propostas para minimizar a situação. Considerando a repercussão na impressa (sic) da situação de descaso (pessoas dormindo há dias no aeroporto sem alimentação, água, calefação) hoje a Latam adotou a política de distribuir barras de cereais e alguns tickets, que não foram suficientes para sequer 10% dos presentes.
Alguns ônibus da Aerolineas Argentinas levaram passageiros para aeroportos próximos, mas a Latam não ofereceu sequer transporte para o centro da cidade. Os hotéis estão em situação de lotação e os poucos que têm vagas triplicaram o preço. O valor médio do quarto é em torno de US$ 450, em acomodações simples e distantes, bem diverso do que divulgado em aplicativos de reserva. Por sinal, os hotéis se negam a receber os turistas que realizaram reservas efetuadas pelos aplicativos booking, trivago e decolar nesse período pelo Aeropoorto.
Outrossim, não há rede sem fio de internet no aeroporto e propositalmente todos os quadros informativos de voos foram desligados. Importante notar que o setor de desembarque funciona normalmente, mas no embarque há um caos total e completa falta de informações.
Diversos voos da Latam saíram no domingo, na segunda e hoje. Contudo, a Latam prefere privilegiar aqueles que estão agendados para evitar multas e punições da autoridade argentina por atrasos injustificados do que auxiliar aqueles que dormem no aeroporto desde sexta e tiveram seus voos cancelados por questões climáticas. Essa política de esconder-se por trás das alegações climáticas não pode encontrar guarida, pois houve diversos voos que saíram normalmente e até pontualmente. Contudo, os operados pela situação climática de sexta e sábado permanecem desassistidos completamente.
É assustador a falta de humanidade, respeito e idoneidade da empresa. O máximo que conseguimos, após muita briga, são promessas remarcações e ônibus que não se concretizam. Hoje não há nenhum tipo de comida disponível no aeroporto.
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Os funcionários da empresa Latam chegam a recomendar aos turistas que desistam, vai de ônibus até Buenos Aires e tentem remarcar os voos por lá, já que eles não têm autoridade nenhuma para solucionar a questão. Sabemos que os aeroportos de Buenos Aires estão superlotados e apresentam atrasos significativos, uma vez que todas a conexões foram canceladas.
Pedimos, encarecidamente, o auxílio na divulgação dessa situação aí no Brasil, principalmente para contestar a ideia de que a empresa está fazendo o possível para auxiliar.”