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Pobreza extrema afeta 76,6% das famílias venezuelanas

Estudo revela que grave crise econômica que foi agravada pela pandemia é um dos causadores da atual situação na Venezuela

Internacional|

Pandemia de Covid-19 acentuou crise econômica na Venezuela
Pandemia de Covid-19 acentuou crise econômica na Venezuela Pandemia de Covid-19 acentuou crise econômica na Venezuela

Três em cada quatro venezuelanos vivem em extrema pobreza em meio a uma longa crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19 e pela escassez de combustível, segundo um estudo acadêmico apresentado nesta quarta-feira (29).

Enfrentam a pobreza extrema 76,6% das famílias venezuelanas, pois sua renda não cobre suas necessidades alimentares, e 94,5%, vivem em situação de pobreza, de acordo com os resultados da Pesquisa Nacional de Condições de Vida 2021, coordenada pela iniciativa privada Universidade Católica Andrés Bello (UCAB).

“Atingimos o teto da pobreza”, enquanto a pobreza extrema continua a aumentar, disse o sociólogo Luis Pedro España durante a apresentação da pesquisa, que estima a população da Venezuela em 28,7 milhões de habitantes, depois que mais de cinco milhões emigraram desde 2014.

A pobreza na Venezuela, país que sofre com uma forte hiperinflação e está em seu oitavo ano de recessão, aumentou 91,5% no período 2019-2020 e a extrema, 67,7%.

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Esses números estão longe dos divulgados pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que garantiu, em sua prestação de contas ao Parlamento, que 17% da população vivia na pobreza em 2020, e apenas 4%, na pobreza extrema.

España explicou que apenas 5,5% da população está acima da linha da pobreza e conseguiu "adaptar" sua renda à inflação e à desvalorização da moeda local, o bolívar.

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"Crise de mobilidade"

O especialista fala em "crise de mobilidade" devido às quarentenas aplicadas nos últimos dois anos e à falta de gasolina decorrente do colapso da indústria petrolífera venezuelana, que tem impactado no número de trabalhadores ativos.

Apenas 50% dos venezuelanos em idade produtiva são ativos de acordo com a pesquisa, cerca de 7,6 milhões. As mulheres são as mais afetadas, com apenas 32,9% das trabalhadoras em atividade.

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“Por que na Venezuela as pessoas estão saindo do trabalho? (...) Os custos para ir trabalhar começam a ser maiores do que a remuneração que você vai receber”, disse España.

Leia mais: Venezuela pede à ONU suspensão de todas sanções contra o país

O salário mínimo, complementado por uma gratificação alimentar obrigatória, mal ultrapassa o equivalente a dois dólares mensais. O valor não é mais uma referência no setor privado, onde a renda média gira em torno de US$ 50, segundo pesquisas privadas.

Diante do colapso, 86,5% das famílias recebem ajuda do governo e 20% remessas de parentes no exterior.

No entanto, a pandemia atingiu também estes envios: 11% das famílias que contavam com essa renda em 2020 pararam de recebê-la e 22% sofreram sua redução.

Exclusão na educação

Anitza Freitez, coordenadora do estudo, destacou o impacto da crise na educação.

Dos 11 milhões de pessoas em idade escolar (3 a 24 anos), apenas 65% estão matriculados em centros educacionais de diferentes níveis de ensino, uma queda de 5% em relação a 2020, destacou Freitez.

Leia mais: Hiperinflação: por que a Venezuela vai cortar seis zeros da moeda?

O percentual entre os potenciais alunos universitários (18-24 anos) mal chega a 17%. Noventa por cento dos que estudam o fizeram remotamente nos últimos meses devido à Covid-19, afetados por falhas em serviços públicos como eletricidade e conexão, e 70% relatam necessidades de melhorias no acesso à internet.

Os responsáveis pela pesquisa entrevistaram cerca de 14.000 famílias na Venezuela entre fevereiro e abril.

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