Mãe asfixiou filhas e ficou seis horas em motel até se enforcar
Legista descartou lesões nas crianças; enfermeira aplicou calmante antes de se matar
Minas Gerais|Enzo Menezes, do R7
A Polícia Civil considera solucionado o assassinato de duas crianças e o suicídio da mãe em um motel em Itabira, na região central de Belo Horizonte, neste domingo (11). O exame dos corpos mostra que as crianças teriam sido mortas por asfixia logo que a mãe entrou no quarto.
Anna Flávia Marques Teixeira, de 34 anos, ficou no motel com os corpos das filhas por seis horas, até que aplicou o calmante Clonazepam em si própria com uma agulha e, em seguida, se enforcou com uma corda. Nesse tempo, pediu comida e sais de banho.
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O delegado Juliano Alencar, titular da delegacia de homicídios de Itabira, explica que a mais velha deve ter sido morta primeiro.
— O legista concluiu que a causa das mortes foi asfixia, mas não por esganadura, já que não havia marcas de lesões. Ela pode ter usado um travesseiro ou cobertor para isso, mas não diretamente as mãos. Pela situação, as meninas estariam mortas há 24 horas, então ela teria matado primeiro a mais velha, que poderia reagir, e depois a menor. E depois ficou no quarto por mais seis horas, quando pediu o espetinho, a caipivodka, o suco e os sais de banho.
Os policiais encontraram um frasco do calmante no carro da suspeita, além de uma seringa no quarto.
— Dentro do veículo estava o vidro do Clonazepam, e a tampa foi recolhida dentro do quarto. No corpo da Anna Flávia havia marca de aplicação de agulha. Ela não aplicou nas meninas, mas pode ter dado via oral. Isso só o exame toxicológico pode dizer. O que também mostra que o crime foi premeditado é que ela se enforcou em uma corda que levou para o motel.
A enfermeira deixou um bilhete culpando o ex-marido e gravou um áudio de Whatsapp se dizendo ameaçada.
A disputa pela guarda das filhas, Maria Fernanda, de 4 anos, e Anna Sofia, de nove meses, foi parar na Justiça, que decidiu em dezembro deixá-las com o pai. Segundo o delegado, a mãe foi acusada de alienação parental, por impedir as visitas do pai.
— Há acusações de todas as partes, de que ela ameaçava reataliar caso perdesse a guarda das filhas, e tentava punir o ex-marido pela ausência de contato com as crianças. Por isso perdeu a guarda por alienação parental.
Perda de guarda
Ela não mantinha contato com a família desde dezembro, quando recebeu a notícia de que perdeu a guarda das crianças. Anna Flávia era enfermeira, mas trabalhava como motorista de caminhão-pipa na Prefeitura Municipal de João Monlevade.
Uma colega de trabalho, Célia Marta, funcionária da garagem da prefeitura, afirma que Anna Flávia era reservada.
— Ela não se abria, não contava essas coisas. Trabalhava normalmente, pegava o caminhão de manhã e saía, quase não parava aqui. Ela não parecia ter nenhum distúrbio, vai saber o que se passava.