“Depoimento foi precário”, diz advogado de jovem ferido em ato contra Copa em SP
Daniel Biral afirma que validade de relato colhido pela polícia poderá ser questionada
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7
O advogado Daniel Biral, que defende o estoquista Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, criticou nesta quarta-feira (29) a ação da Polícia Civil que colheu, na tarde de terça-feira (28), na Santa Casa de São Paulo, um depoimento do rapaz baleado durante o ato contra a Copa do Mundo no último sábado (25).
Em entrevista ao R7, Biral disse que a versão colhida por três delegados, dentro da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital, poderá ser questionada pela defesa de Chaves. Ele classificou o trabalho policial como “precário”, sobretudo por ter ocorrido poucas horas depois do rapaz ter recobrado a consciência, após passar mais de 48 horas sedado.
— Foi um depoimento oficial, mas a validade dele é questionável. O acompanhamento foi precário. O defensor público (Carlos Weis) não estava o tempo todo dentro da UTI para acompanhar.
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O advogado, que deve promover uma entrevista coletiva às 15h desta quarta-feira para falar do caso, também criticou a forma com que o trabalho policial foi conduzido. Por estar com um dos braços paralisado, ele não conseguiu assinar o depoimento e teve de deixar as suas digitais no documento policial.
— Você pode imaginar como deve ter sido para ele (Chaves) receber na UTI um trio de delegados.
Na versão do estoquista, apontado como integrante da tática black bloc pelos policiais militares que atuaram na ação, ele foi baleado uma vez e só então fugiu dos agentes. Além disso, ele alegou legítima defesa para justificar o saque de um estilete que levava no bolso. Ele ainda negou que carregasse coquetéis molotov e que os materiais encontrados pela polícia eram do amigo que estava com ele, e que se rendeu.
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A versão é contrária a dos PMs, que afirmaram terem atirado apenas depois da tentativa de agressão por parte de Chaves é que efetuaram dois disparos, um atingindo o tórax e outro atingindo o pênis. Por conta da hemorragia causada pelos ferimentos, o rapaz teve de passar por cirurgia e teve um dos testículos retirados.
Em nota enviada ao R7, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o delegado Luciano Augusto Pires, que preside o inquérito, “não dará mais detalhes para não atrapalhar a investigação do caso”, mas confirmou a versão apresentada pelo rapaz, que responde por resistência, lesão corporal e desobediência. A ação policial também está sendo investigada pela Corregedoria da Polícia Militar, segundo SSP.
Hospital não vai divulgar boletins médicos
A assessoria de imprensa da Santa Casa de São Paulo revelou nesta quarta-feira que um sigilo médico não vai mais permitir que boletins sobre o estado de saúde de Fabricio Chaves sejam divulgados nesta semana. Contudo, não foi informado se a medida seria uma solicitação da família ou da polícia.
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O quadro mais atualizado dá conta que o rapaz está estável e sob cuidados intensivos.