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Gil Rugai diz que falsificava assinatura do pai em cheques a pedido dele

Durante interrogatório, acusado se referiu a Luiz Carlos Rugai como "papai"

São Paulo|Vanessa Sulina, do R7

Gil Rugai se referiu a Luiz Carlos Rugai como "papai" durante interrogatório
Gil Rugai se referiu a Luiz Carlos Rugai como "papai" durante interrogatório ADRIANO LIMA/ESTADÃO CONTEÚDO

Sempre se referindo a Luiz Carlos Rugai como "papai", Gil Rugai, acusado pela morte do pai e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, disse, em interrogatório na tarde desta quinta-feira (21), que sempre assinou cheques em nome do pai. Segundo o réu, porém, ele copiava a assinatura de Luiz a pedido dele.

— Sempre que precisava da assinatura dele, eu copiava quando ele estava ausente. Ele pedia para eu assinar quando ele estava fora.

O acusado afirmou ainda que o pai deixava cheques em branco, para que ele assinasse caso precisasse, por exemplo, fazer o pagamento de impostos.

— Quando ele voltava de viagem, eu informava o que tinha feito. (...) O fato de copiar nunca foi problema. Ele me pedia para copiar.


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Gil Rugai informou também que sempre trabalhou com o pai, não só na Referência Filmes, mas também em outras duas companhias do pai: Rugai RE e Câmera Oculta. Ele disse que nunca foi um funcionário registrado dessas empresas.

Durante o interrogatório, Gil Rugai declarou que foi demitido dez vezes pelo pai. E que sai da empresa pela última vez em janeiro de 2004, dois meses antes do crime.

— Me desliguei em janeiro por iniciativa própria.

Gil Rugai informou ainda que, na época do crime, ele trabalhava em sua empresa própria, a KLM, mas também trabalhava para o "papai", embora não tivesse mais vínculo com a Referência Filmes.

O acusado contou ainda que, na época, havia desistido do seminário no semestre anterior. Entre outras atividades, Gil Rugai informou que já havia iniciado um curso de direito, fez dois anos de biologia, outros três anos e meio de letras e quase dois anos de teologia. Estudou grego clássico e bíblico. Diz ter estudado sempre em escolas particulares e que nunca fez intercâmbio ou saiu do País.

Relembre o caso

O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.

Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.

O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.

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Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.

Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.

As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.

Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.

Rugai responde pelo crime em liberdade e está sendo julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.

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