Gravação cita R$ 200 mil doados a secretário de Haddad
Esquema de fraude milionária pode ter desviado ao menos R$ 500 milhões dos cofres públicos
São Paulo|Do R7
Uma escuta telefônica autorizada pela Justiça aponta que o secretário de governo de Fernando Haddad (PT), Antonio Donato, é citado pelo recebimento de R$ 200 mil do auditor Luis Alexandre Camargo Magalhães, um dos quatro servidores da prefeitura presos na semana passada por formar um esquema de propinas para sonegação de impostos na gestão Gilberto Kassab (PSD). A conversa em que o secretário e o valor são citados é entre Magalhães e sua ex-amante, que o ameaçava.
O áudio foi divulgado neste domingo (3) pelo Fantástico, da TV Globo. Donato nega veementemente ter recebido dinheiro de Magalhães ou de qualquer outro membro do grupo.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o Ministério Público investiga denúncia de que o dinheiro teria sido usado na campanha de Donato para vereador em 2008. O valor relatado na investigação, no entanto, seria a metade, R$ 100 mil. O Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime de Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro) pretende repassar as informações para a Promotoria Eleitoral. O eventual crime eleitoral, no entanto, se ocorreu, já está prescrito, de acordo com a legislação atual.
Além disso, Donato é citado em outro grampo da investigação, realizado em 16 de junho, quando o ex-subsecretário de Arrecadação da Secretaria Municipal de Finanças, Ronilson Bezerra Rodrigues, diz que o procuraria depois de ter sido chamado para depor na Controladoria-Geral do Município (órgão da prefeitura que, junto com o MPE, conduziu as investigações). No áudio, Rodrigues também diz ter marcado com o vereador Paulo Fiorilo (PT). atual presidente da CPI dos transportes.
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Donato confirma ter se encontrado com Ronilson no dia em que o fiscal prestou depoimento. Disse que ele pediu a intervenção do secretário na investigação, mas que Donato falou que não poderia ajudar.
Ex-amante de Magalhães, Vanessa Carolina Alcântara, aparece em diversos trechos de interceptações telefônicas feitas durante as investigações da quadrilha. Ela estava insatisfeita com a pensão alimentícia de R$ 700 que recebia do fiscal — que tinha renda estimada em até R$ 80 mil com o esquema, de acordo com o MPE — e ameaçava delatá-lo.
Ela chegou a citar 14 pessoas, todas colegas de trabalho de Magalhães, como receptadoras de propina. No entanto, disse, em conversa gravada na noite de 4 de julho, que denunciaria o ex-companheiro para diversos secretários de governo, e novamente cita Donato. Nas escutas divulgadas ontem, Magalhães diz desconhecer o secretário de governo.