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Anorexia: aversão à comida e obsessão por magreza podem levar à morte

Distúrbio atinge principalmente mulheres adolescentes. Veja como identificá-lo 

Saúde|Do R7*

Anorexia faz vítimas sentirem aversão à comida
Anorexia faz vítimas sentirem aversão à comida Anorexia faz vítimas sentirem aversão à comida

Valorizar a magreza como padrão de beleza pode trazer consequências perigosas e desastrosas à saúde. Esse estímulo superestimado pela mídia — com modelos magérrimas em capas de revistas —, no círculo de amigas e, até mesmo dentro de casa pelos próprios pais pode levar muitas meninas à desenvolverem anorexia.

Esse transtorno alimentar faz com que pessoas passem a sentir aversão à comida, porque tentam obcecadamente ser magras. Sua periculosidade é altíssima, uma vez que pode resultar em anemia aguda, diminuição dos glóbulos brancos — o que torna a vítima mais vulnerável a doenças —, além queda de cabelo, fraqueza de unhas, desmaios constantes e até mesmo a morte. O problema é que a anorexia ainda é subestimada por muitos, o que a torna uma doença silenciosa que mata aos poucos. 

Segundo o psiquiatra Ricardo Minniti, as vítimas mais comuns do distúrbio são meninas. Garotos também podem sofrer com o transtorno, mas eles somam apenas 10% dos casos. O especialista afirma que é na adolescência que os jovens — tanto os meninos como as meninas — mais são cobrados em relação aos seus corpos.

— A anorexia faz com que a menina se olhe no espelho e veja uma imagem distorcida de si mesma. Ela se enxerga gorda, independentemente de estar pesando 70 kg ou 40 kg. O perigo por trás desse transtorno é que a vítima nunca acha que está magra o suficiente e continua deixando de comer, não provendo ao corpo os nutrientes necessários para a sobrevivência.

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Por ser um transtorno silencioso, familiares de vítimas só vão perceber que há algo de errado com elas quando o quadro já está grave — comprometendo a saúde física da pessoa, explica o especialista.

Influência da web

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Segundo Minniti, vítimas de anorexia deixam de comer aos poucos, passando a ter uma aversão tão grande à comida que o simples ato de se alimentar deixa de ser uma prática cotidiana para se tornar um momento perturbador.

Com o maior acesso a diferentes tecnologias, as meninas disseminam pela internet dicas de como perder muito peso em pouco tempo, estimulando outras garotas a praticar hábitos não-saudáveis.

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— A internet pode, sim, estimular o aumento de casos de anorexia. O distúrbio é reconhecido quando a jovem perde muito peso em pouco tempo — ao mesmo tempo em que seus hábitos alimentares mudam bruscamente. Outras práticas para estimular a perda de peso também podem se tornar rotineiras, como mais idas à academia, ingestão de laxantes e de bastante água.

Principais sintomas da anorexia

Normalmente, não é quem sofre do distúrbio alimentar que reconhece que há algo de errado com a forma como vem se relacionando com a comida, uma vez que essa vítima continua se vendo gorda. Segundo o especialista, quem acaba identificando o transtorno são as pessoas que mais convivem com ela, por meio de sintomas evidentes que passam a fazer parte da vida daquela pessoa.

O endocrinologista Renato Zilli conta que os primeiros sintomas apresentados por uma pessoa com o distúrbio são menor capacidade cognitiva, alteração no ciclo menstrual — no caso das mulheres —, constipação intestinal e cálculo renal, além, claro, da magreza excessiva.

— Uma menina com anorexia fica com um aspecto de doente: seus cabelos e unhas ficam fracas e a pele, ressecada. Ela passa a não ter disposição para nada, sentindo-se continuamente cansada — explica Zilli.

A anorexia não é responsável pelo desencadeamento de outros transtornos, como depressão ou ansiedade. Mas é possível que uma pessoa apresente ambos os distúrbios. O especialista explica:

— Um não é consequência do outro. Mas é possível que uma pessoa com anorexia tenha também sintomas de depressão e ansiedade, por exemplo, uma vez que há diversos fatores que atuam em seu psicológico. 

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Há tratamento sim

Segundo o psicólogo Yuri Busin, o tratamento da anorexia não é simples: deve ser multidisciplinar, ou seja, envolver diferentes profissionais de saúde, como psiquiatras, endocrinologistas e nutricionistas. Quando o caso já está grave ao extremo, a paciente, muitas vezes, precisa ser internada para que sua vida seja preservada.

— Quando a vítima está muito debilitada, não há nenhuma medida que traga resultados imediatos. Para preservar a vida, a internação pode ser necessária, já que ela vai precisar receber um acompanhamento adequado para que esses nutrientes escassos no organismo voltem a ser ingeridos.

Os casos ainda não tão severos são normalmente tratados com sessões de psicoterapia, responsáveis por trabalhar a parte psicológica da doença — ou seja, a forma como a vítima se enxerga e sua relação com a comida.

— O psiquiatra ou o psicoterapeuta vai trabalhar junto com um profissional da nutrição: a função dele vai ser auxiliar a paciente a mudar a forma de pensar e de se enxergar, passando a ver o próprio corpo como realmente é. Nem sempre pessoas com anorexia precisam de remédios para que consigam se recuperar, mas se a terapia for insuficiente, os medicamentos podem ser adicionados ao tratamento.

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Importância da família e amigos

As pessoas que convivem com um paciente anoréxico em tratamento precisam ter muita cautela nessa fase do procedimento. Por mais que haja uma preocupação extrema, a vítima não deve ser pressionada a comer.

— A comida vai ter que, aos poucos, voltar a fazer parte da rotina dessas jovens, sempre em quantidades recomendadas por um nutricionista. Não vai adiantar colocar um prato de comida enorme na frente da paciente e obrigá-la a comer. Por isso, essas pessoas precisam ter paciência. 

Além disso, insistir em dizer à vítima que ela está magra não vai adiantar. A visão dela em relação ao próprio corpo não muda tão facilmente.

— Por isso, respeite o tempo da vítima, mas sempre a acompanhe para que ela não volte a deixar de se alimentar. Ficar totalmente curada é algo que leva tempo, pode levar meses ou até anos, e a melhor forma de ajudar a paciente é respeitando esse período de readaptação — recomenda Busin.

Segundo o especialista, as recaídas podem acontecer. Ele recomenda que, nesses casos, a própria vítima procure o terapeuta, mas que a família fique sempre atenta para evitar que elas se tornem frequentes.

*Colaborou: Talyta Vespa, estagiária do R7

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