CFM anuncia que vai à Justiça para melhorar atendimento no SUS
Problemas vão desde falta de sanitários para deficientes até ausência de equipamentos
Saúde|Do R7
O CFM (Conselho Federal de Medicina) disse que vai recorrer à Justiça e a fóruns internacionais contra as más condições de atendimento e o abandono no SUS (Sistema Único de Saúde). A iniciativa ocorre seis dias depois de o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmar que médicos deveriam parar de fingir que trabalham.
O presidente do CFM, Carlos Vital, afirmou a decisão manhã desta quarta-feira (19) horas antes de se encontrar com Barros.
— Não queremos retratação, mas uma solução para a saúde.
Na reunião, representantes do conselho entregaram ao ministro um relatório que aponta falhas na assistência. Os problemas vão desde falta de sanitários para deficientes até ausência de equipamentos considerados indispensáveis para o atendimento, como estetoscópio.
De acordo com o CFM, foram encontradas irregularidades em mais da metade das 2.936 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) fiscalizadas entre 2015 e 2017, disse Vital.
— Não são os médicos que não querem trabalhar. São os médicos que não têm estrutura para exercer a sua profissão. Por isso estamos indo à Justiça.
Ao receber as várias caixas contendo o relatório no prédio do ministério, Barros se comprometeu a analisar o material, mas adiantou que isso foge à competência da sua pasta. A atribuição, disse, é de Estados e municípios.
— Vamos sensibilizar o gestor local para fazer a correção.
Barros voltou a dizer que o maior problema do SUS está na gestão dos recursos e confirmou sua intenção de universalizar o controle de frequência de médicos nos postos de trabalho a partir da biometria. De acordo com ele, a sua fala foi tirada do contexto.
— Usei uma figura de linguagem.
Mesmo assim, ele reforçou ser uma cobrança justa exigir a permanência do médico em seu lugar de trabalho, algo que, de acordo com ele, não é cumprido por vários profissionais.
— São 878 notificações contra gestores dizendo que profissionais não estão comparecendo ao horário de trabalho contratado.
O ministro argumenta que se os médicos estivessem presentes nas 40 mil unidades de saúde, 80% dos problemas na atenção básica poderiam ser resolvidos.
— Sem a presença do médico, isso não é possível.
Vital reconhece que nem todos os médicos cumprem a jornada de trabalho.
— Mas são exceções que confirmam a regra.
O levantamento do CFM não traz dados sobre ausência de profissionais no local de trabalho.