Desafio do autista é transmitir ao mundo o que sente
Nesta terça-feira (2) comemora-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo
Saúde|Da Agência Brasil
Se você sente fome, frio ou dor e precisa de ajuda, o que fazer? Imagine você impossibilitado de dizer o que quer, o que precisa? Se conseguiu imaginar, então entendeu um pequeno fragmento do mundo de uma pessoa com autismo.
De acordo com a canadense, Carly Fleishmann, o "autismo me prendeu dentro de um corpo que não posso controlar”. Ela quebrou uma espécie de barreira invisível e descobriu, aos 10 anos de idade, como mostrar aos pais o que queria. Mesmo sem ter aprendido a escrever, Carly encontrou no teclado de um computador a voz que lhe faltava.
Os comportamentos típicos do autismo continuavam, entre eles gritar, balançar os braços violentamente e realizar movimentos repetitivos. No entanto, esse comportamento passou a ter uma explicação.
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— Se não fizer isso, parece que meu corpo vai explodir. Se pudesse parar, eu pararia, mas não há como desligar. Sei o que é certo e errado, mas é como se estivesse travando uma luta contra o meu cérebro.
Carly aplicou conhecimentos absorvidos ao longo dos anos e escreveu as primeiras palavras. Desde então, foi estimulada por seus pais a digitar o que sentia. Assim, a menina mostrou à sociedade que os autistas não vivem em um universo particular, construído para isolá-los do mundo. Eles apenas precisam reagir de certa forma para se concentrar ou controlar uma intensa atividade cerebral.
— Eu gostaria de ir à escola como as outras crianças, mas sem que me achassem estranha quando eu começasse a bater na mesa ou gritar. Eu gostaria de algo que apagasse o fogo.
Nesta terça-feira (2), se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O autismo é uma condição encontrada em 20 de cada 10 mil nascidos. Manifesta-se antes dos três anos de idade e sua causa ainda não é clara, muito embora fatores genéticos sejam considerados sua principal origem. O diagnóstico é feito a partir da observação do comportamento da criança.
Normalmente, os pais detectam algum traço de indiferença ou isolamento excessivos. Resistência ao aprendizado e às mudanças de rotina, uso de objetos de forma incomum, inexistência de medo em situações potencialmente perigosas, agressividade e hiperatividade são alguns sintomas de autismo.