Metade da população espera até seis meses para marcar uma consulta no SUS, revela pesquisa
Mais de 90% dos paulistas usaram algum serviço da rede pública nos últimos dois anos
Saúde|Fabiana Grillo, do R7
Levantamento feito no Estado de São Paulo mostra que metade (50%) da população enfrentou espera de um a seis meses para marcar uma consulta no SUS (Sistema Único de Saúde). Três em cada dez aguardam há mais de seis meses e metade deles relata ter ficado mais de um ano na fila. Apenas dois em cada dez pacientes conseguiram marcar uma consulta em até um mês. Entre os 8% que não utilizaram o SUS, a percepção é de atendimento demorado e de pouca qualidade em relação ao oferecido pelos planos de saúde. A constatação faz parte de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (12) e realizada pelo Datafolha, a pedido da APM (Associação Paulista de Medicina) e do CFM (Conselho Federal de Medicina).
A pesquisa revelou que 52% da população acredita que a saúde é o tema mais importante entre as políticas públicas de responsabilidade do governo federal. Apesar disso, 93% dos entrevistados deram notas entre zero e quatro para o atendimento em saúde no País. A mesma insatisfação se refere ao SUS, que recebeu a mesma classificação de nota de 86% dos entrevistados.
Segundo os dados, os serviços mais procurados na rede pública são atendimento em postos (83%), seguido de consultas com médicos (80%), acesso a medicamentos (74%), exames laboratoriais (67%) e atendimento em pronto-socorro (63%). Dos 27% que procuraram por cirurgias, 20% conseguiram realizá-las.
Cerca de 80% dos pacientes tiveram procedimentos negados pelos planos de saúde
Nos últimos dois anos, 94% dos entrevistados buscaram acesso a algum serviço do SUS e 92% efetivamente usaram algum serviço no mesmo período. Segundo a pesquisa, os procedimentos mais difíceis de acesso foram cirurgias (63%), seguidas de consultas (54%), atendimento em pronto-socorro (52%) e internações (49%).
Para Florisval Meinão, presidente da APM, “o levantamento é uma contribuição que oferecemos à sociedade em um momento de decidir o futuro do País nos próximos quatro anos”.
— O Brasil é um dos países que menos investem na área da saúde e o governo federal transferiu para os Estados e municípios a obrigação de financiar boa parte do sistema público. Mesmo com o programa Mais Médicos, o cenário do SUS não se modificou. A qualidade do atendimento continua deficiente e teremos consequências no futuro.
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O levantamento mostrou que 63% avaliaram a saúde como insatisfatória no País, sendo que para o SUS a avaliação de insuficiência é feita por 51% das pessoas. Sobre os aspectos mais críticos da rede pública, a marcação de consultas, exames e cirurgias (61%) ficou no topo da lista. Espera por atendimento, acesso aos especialistas e quantidade de médicos também foram citados pelos paulistas.
— Os médicos não querem trabalhar no SUS pela falta de garantias nos contratos, salários muito baixos e condições de trabalho insatisfatórias. Temos um problema de gestão na saúde pública que não nos foi apresentado solução até o momento.
O levantamento ouviu, durante o mês de junho, 812 moradores do Estado de São Paulo com mais de 16 anos. A margem de erro da pesquisa varia em três pontos para mais ou para menos.