CGU identifica repasse indevido de quase R$ 2 bi de auxílio a taxistas e caminhoneiros por Bolsonaro
Segundo o órgão, quase 357 mil motoristas que não cumpriam os critérios do programa receberam o benefício
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A Controladoria-Geral da União (CGU) informou nesta sexta-feira (2) ter identificado irregularidades no valor de aproximadamente R$ 2 bilhões nos pagamentos de auxílio a taxistas e caminhoneiros efetuados pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao longo do ano passado.
Em nota, Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, negou as irregularidades.
Segundo auditorias realizadas pela CGU, 356.773 trabalhadores das duas classes teriam sido atendidos com os benefícios de forma indevida. De acordo com o órgão, essas pessoas não cumpriram critérios de elegibilidade para o recebimento do benefício nem requisitos normativamente previstos para o exercício das atividades.
Os auxílios para taxistas e caminhoneiros foram pagos de julho a dezembro do ano passado, com uma parcela mensal de R$ 1.000. Os benefícios foram instituídos de forma emergencial, com o intuito de auxiliar os trabalhadores diante da variação nos preços dos combustíveis.
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O prejuízo para os cofres públicos foi maior com o pagamento do auxílio a taxistas. De acordo com a CGU, dos 314.025 beneficiários que participaram do programa, 246.722 não se encaixavam nas regras mas foram contemplados. O valor gasto com essas pessoas foi de R$ 1,39 bilhão.
Já em relação ao auxílio para caminhoneiros, das 402.773 pessoas atendidas, 110.051 não cumpriam critérios de elegibilidade para o recebimento do benefício. O pagamento indevido, segundo a CGU, foi de quase R$ 582,9 milhões.
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A CGU recomendou à Dataprev — empresa de processamento de dados responsável pela geração das folhas de pagamento dos benefícios — a adoção das providências necessárias para os ressarcimentos relacionados a pagamentos efetuados indevidamente a beneficiários que receberam valores sem, de fato, ter direito ao benefício.
Confira a íntegra da nota divulgada pela defesa de Jair Bolsonaro
"Em 4 anos de governo, jamais existiu qualquer caso de corrupcão ou irregularidade. Agora, se fabrica, em escala industrial, uma série de fatos e informacões distorcidas da realidade sobre situacões inexistentes, com claro objetivo de perseguição política para tentar destruir a imagem de um político honesto e íntegro que é amado por todo o povo brasileiro. Eventuais irregularidades praticadas por pessoas que não tinham requisitos para os benefícios, caso comprovado, não têm vínculo e nem responsabilidade do presidente Bolsonaro. As supostas condutas irregulares, caso comprovadas, devem ser individualizadas e não atribuídas de forma genérica e coletiva à pessoa do ex chefe do Executivo."