CPMI do 8/1 quer convocar almirante Garnier, ex-comandante da Marinha na gestão Bolsonaro
O pedido da relatora ainda precisa ser votado pelo colegiado, o que está programado para acontecer na próxima terça-feira
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta quinta-feira (21) que o colegiado deve incluir na lista de pedidos a serem votados na próxima semana a convocação do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O requerimento tem como base revelações feitas pela imprensa que mostram que o militar teria apoiado uma suposta trama de golpe de Estado.
"Espero que, na terça-feira [26], possamos, de fato, aprovar. O que temos é um acordo mantido e uma reunião preestabelecida", declarou a relatora. O compromisso anterior previa a votação de seis novos depoimentos, sendo quatro do governo e dois da oposição. No entanto, Eliziane ressaltou a necessidade de incluir Ganier, "diante das informações que foram divulgadas pela imprensa".
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
O almirante teria sido o único comandante das Forças Armadas a topar o golpe de Estado sugerido por Bolsonaro. Isso de acordo com informações repassadas pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à Polícia Federal e divulgadas pela imprensa. Por meio da delação, Cid também teria revelado que a minuta de golpe supostamente apresentada por Bolsonaro a Garnier e aos outros comandantes das Forças Armadas foi entregue ao ex-presidente por um assessor informal chamado Filipe Martins, que também é alvo de um novo requerimento da relatora, que deverá ser incluído na votação da próxima semana.
Eliziane ressaltou a gravidade das revelações, mas ponderou a falta de "fonte efetiva". "Daí a necessidade de fazer essas convocações, para chegarmos a esses elementos de forma mais concreta".
Além de Garnier e Martins, a relatora citou que uma reconvocação de Cid é essencial para a finalização dos trabalhos. Esse pedido já foi aprovado pela CPMI, e o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), garantiu que vai marcar uma data para o novo depoimento.
"A informação que veio, sendo confirmada no depoimento do Mauro Cid, traz luz em cima de um debate amplo que é a autoria intelectual [da tentativa de golpe], um dos pontos centrais dessa CPMI", disse a relatora.
Eliziane também afirmou que no acordo trabalhado entre os membros da CPMI estão as quebras de sigilo de inteligência financeira de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle. Ela ressaltou ainda que trabalha para garantir uma acareação entre o ex-presidente da República e Mauro Cid, mas sinalizou não haver um avanço concreto nesse sentido.