Denúncia de ‘pontos cegos’ na casa de Bolsonaro motivou monitoramento do lote
Administração Penitenciária do DF justificou que não conseguiria monitorar os fundos da casa do ex-presidente

Ao justificar a determinação para o monitoramento presencial no terreno da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afirmou que a Seape-DF (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal) informou a existência de “pontos cegos” na residência.
“Em 27/8/2025, a Seape informou, em relação às dificuldades de monitoramento, que [a casa onde] ‘o senhor Jair Messias Bolsonaro reside/possui imóveis contíguos nas duas laterais e nos fundos, o que causa a existência de pontos cegos’”, citou Moraes na determinação deste sábado (30).
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A mesma preocupação foi expressada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). A Seape explicou que a casa onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar fica encostada em outras três: uma de cada lado e outra nos fundos.
Por causa disso, segundo a secretaria, se os agentes ficassem do lado de fora da residência não conseguiriam fazer a inspeção das laterais e dos fundos da casa de Bolsonaro.
Nesta manhã, Moraes determinou o monitoramento presencial na área externa da casa, “contida na parte descoberta, mas cercada do terreno, que confina com outros tantos de iguais características”. Ou seja, os agentes não podem acessar os cômodos da casa de Bolsonaro, como sala, quartos, cozinha e banheiros.
Conforme o ministro, o monitoramento do ex-presidente “exige a adoção de novas medidas, que conciliem a privacidade dos demais residentes do local e a necessária garantia da lei penal, impedindo qualquer possibilidade de fuga”.
O ministro ainda permitiu que a Polícia Penal do Distrito Federal faça vistorias nos veículos que deixem a casa de Bolsonaro, olhando inclusive os porta-malas. Trata-se de uma solicitação da Seape-DF.
As vistorias, que deverão ser documentadas, são para “fins de incremento nas atividades de monitoramento” e para evitar a fuga de Bolsonaro, segundo Moraes.
Desde 4 de agosto, Bolsonaro está em prisão domiciliar. Ele usa tornozeleira eletrônica desde 18 de julho.
Monitoramento 24 horas por dia
Nesta semana, o ministro determinou o policiamento 24 horas por dia do ex-mandatário. Moraes afirmou que tal ação exige a “adoção de novas medidas, que conciliem a privacidade dos demais residentes do local e a necessária garantia da lei penal, impedindo qualquer possibilidade de fuga”.
A decisão ocorre depois de a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestar contra a presença contínua de policiais dentro da casa do ex-presidente.
Apesar de reconhecer que é necessário ter precaução para evitar fugas, a PGR avaliou que não há justificativa para medidas mais gravosas do que a atual custódia domiciliar.
Porém, o procurador-geral, Paulo Gonet, defendeu o reforço do monitoramento nos arredores da residência, como a rua e a saída do condomínio, mas sem a instalação permanente de agentes no interior da casa.
PF queria agentes dentro da casa de Bolsonaro
No início da semana, a Polícia Federal pediu a presença de policiais dentro da casa de Bolsonaro devido ao risco de fuga do ex-presidente.
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o monitoramento eletrônico por tornozeleira não seria suficiente para conter uma tentativa de fuga. Isso porque, segundo ele, o equipamento depende de sinal de telefonia para enviar alertas em tempo real.
Em caso de falha no sistema ou de interferências deliberadas, o aviso de violação só chegaria às autoridades após o restabelecimento da conexão, tempo suficiente para que Bolsonaro tentasse escapar caso queira fazer isso, destacou Rodrigues.
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