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Dono de offshore, Guedes defendeu tributação zero em paraísos fiscais 

Ministro da Economia articulou a retirada da previsão de taxação do recurso da reforma do Imposto de Renda

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Em evento da CNI, Paulo Guedes defendeu não tributar offshores
Em evento da CNI, Paulo Guedes defendeu não tributar offshores Em evento da CNI, Paulo Guedes defendeu não tributar offshores

Lucrando mais de R$ 14 mil por dia com sua offshore nas Ilhas Virgens Britânicas desde que assumiu o cargo de ministro da Economia, Paulo Guedes articulou para manter os recursos de brasileiros em paraísos fiscais isentos de taxação. A medida estava prevista nas primeiras versões do relatório da reforma do Imposto de Renda, mas o texto aprovado pela Câmara Federal já não incluía a tributação. 

Em evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em julho de 2021, Guedes, ao defender a redução e simplificação do Imposto de Renda, afirmou que não iria mexer em áreas cuja taxação pudesse complicar a reforma. "Ah, 'porque tem que pegar as offshores' e não sei o quê. Começou a complicar? Ou tira ou simplifica. Tira. Estamos seguindo essa regra", disse o ministro.

Nesse contexto, ele também citou a desoneração do mercado imobiliário. "Para fazer errado, melhor não fazer", sustentou, afirmando que o governo não poria em risco "a retomada do crescimento econômico sustentável, que é o que está acontecendo". 

Ambas as propostas de taxação foram retiradas do relatório final apresentado pelo deputado Celso Sabino (PSL-PA). O parlamentar esteve ao lado de Guedes durante o debate sobre os impactos econômicos que focavam na reforma tributária.

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Ah%2C 'porque tem que pegar as offshores' e não sei o quê. Começou a complicar%3F Ou tira ou simplifica. Tira. Estamos seguindo essa regra

(Paulo Guedes, em evento em julho)

Na própria proposta do governo, que chegou por meio do Projeto de Lei 2.337/21, o Executivo defende a tributação automática sobre os lucros de rendimentos em offshores. "É importante destacar que o relatório final da Ação 3 do Projeto BEPS (Base Erosion Profit Shifting), que analisou as regras de tributação de controladas no exterior, recomenda que essas regras sejam aplicadas às demais pessoas e entidades não corporativas", diz o PL. 

O projeto enviado ao Congresso também destaca que "a utilização de estruturas offshore, com a interposição de entidades no exterior para se evitar a tributação do ganho de capital na venda de ativos valiosos localizados no país, consiste em um problema reconhecido internacionalmente, tendo sido objeto de relatórios e recomendações para se combater essa prática por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), da OCDE, da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Grupo Banco Mundial (GBM)".

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O deputado Celso Sabino (PSL-PA), relator da proposta de reforma do Imposto de Renda
O deputado Celso Sabino (PSL-PA), relator da proposta de reforma do Imposto de Renda O deputado Celso Sabino (PSL-PA), relator da proposta de reforma do Imposto de Renda

A não inclusão da taxação sobre as estruturas de offshore acabaram, no entanto, beneficiando o próprio ministro, que é detentor de empresa em paraísos fiscais, na Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, como revelou a investigação de um consórcio internacional de veículos de comunicação batizada de Pandora Papers. A abertura de empresas offshore é lícita no Brasil, desde que estejam declaradas junto à Receita Federal e ao Banco Central. 

Mas os detentores de cargos públicos ficam sujeitos a uma série de regras específicas, justamente para evitar autofavorecimento. A Guedes, por exemplo, foi feita recomendação da Comissão de Ética Pública (CEP), em 2019, para que ele não atuasse em interessse próprio enquanto estivesse à frente da pasta. A comissão, agora, deve investigar se o ministro cumpriu a orientação. 

Guedes possui investimentos de US$ 9,5 milhões (aproximadamente R$ 35 milhões na época do aporte) em uma empresa offshore. Com a desvalorização do real, de 2015 para cá o patrimônio estimado cresceu para mais de R$ 51 milhões.

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