Em 100 dias de governo, Ibaneis ficou 34 no cargo
Governador do Distrito Federal foi afastado da função em 9 de janeiro, um dia após a invasão às sedes dos Três Poderes
Brasília|Fabíola Souza, do R7, em Brasília, e Yuri Achcar, da Record TV
O segundo mandato do governador Ibaneis Rocha (MDB) completa 100 dias nesta segunda-feira (10). Logo no início do mandato, em 9 de janeiro, um dia após a invasão de extremistas às sedes dos Três Poderes, Ibaneis foi afastado do cargo por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No total, ele ficou 66 dias sem exercer a função, até Moraes determinar o retorno do emedebista ao governo, em 15 de março.
Durante esse período, a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), ocupou a chefia do Executivo local. Quando Ibaneis retornou ao cargo, Celina comemorou. "Foram dias difíceis, mas a equipe esteve unida, aguardando o retorno do governador. Estamos juntos, mais fortes e unidos para dar respostas a todas as áreas do DF, que a população tanto nos demanda", afirmou.
A vice-governadora Celina Leão (PP) assumiu o Palácio do Buriti por 66 dias dos primeiros cem dias da nova gestão. Para ela, o maior destaque do período foi a retomada da normalidade política.
" Com unidade e coragem conseguimos manter nosso projeto político ativo e retornar o DF à normalidade", disse a vice-governadora ao R7 Brasília.
No discurso de volta ao governo, Ibaneis agradeceu à vice pela atuação durante o afastamento e disse que decisões como reajuste de salários de servidores e a demissão da presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Mariela Souza, não serão revertidas.
Para o presidente da Câmara Legislativa, deputado distrital Wellington Luiz (MDB), os 100 primeiros dias da nova gestão são positivos, ele citou como exemplos o reajuste dos servidores e a continuidade das obras. Wellington Luiz destacou que a união dos poderes Executivo e Legislativo evitou um apagão dos serviços públicos e o DF manteve a normalidade democrática.
"Houve um respeito muito grande dos deputados, incluindo os da oposição, sobre o afastamento do governador Ibaneis Rocha e conseguimos avançar mesmo em um cenário de dificuldades e incertezas", lembrou o presidente da Câmara Legislativa.
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Para o deputado Reginaldo Veras (PV-DF), os primeiros 100 dias marcam a continuidade de um governo que nos últimos quatro anos não colocou a população como prioridade. "É um governo que se preocupa com obras, não com as pessoas", criticou o parlamentar da oposição.
A intervenção federal na segurança do DF, decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durou até 31 de janeiro. Em 8 de janeiro, no dia dos ataques extremistas, o então secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres foi exonerado do cargo por Ibaneis, enquanto estava nos Estados Unidos.
A defesa do governador questionou a decisão sobre o afastamento no STF e pediu o retorno do emedebista antes do prazo de 90 dias estipulado pelo Supremo, mas não obteve êxito. A governadora em exercício, Celina Leão, assumiu o Pálacio do Buriti em 9 de janeiro.
Volta de Ibaneis
Desafios para Celina
Durante os 66 dias em que Ibaneis ficou afastado, Celina enfrentou alguns desafios, principalmente na área da saúde. No final de janeiro, ela assinou um decreto que determinava que os funcionários da Secretaria de Saúde do DF emprestados para o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), que administra hospitais públicos na capital federal, voltassem aos seus postos originais.
A então governadora também nomeou 1.236 novos servidores da Saúde e prometeu a doação de um terreno de 70 mil metros quadrados para construção de uma Santa Casa de Misericórdia.
Na segurança pública, manifestou-se contrária à transferência para Brasília de Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, e afirmou que o DF vivia o pior índice de feminicídios da história da capital.
Nas questões relativas ao transporte e mobilidade, Celina enfrentou uma paralisação do metrô por furto e rompimento de cabos de fibra ótica e ampliou o prazo de utilização do cartão transporte para durar dois anos.
Volta de Ibaneis
Em 15 de março, antes do fim do prazo de 90 dias, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a volta de Ibaneis ao cargo de governador do DF. Segundo Moraes, o momento da investigação não exigia mais a necessidade da manutenção da medida.
No retorno, Ibaneis disse que não acreditava na culpa de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF. Segundo ele, os ataques foram consequência de um apagão geral na Polícia Militar e no Exército.
Reajuste de servidores
Ainda em março, o emedebista enviou à Câmara Legislativa o projeto de lei para conceder reajuste aos servidores públicos do Distrito Federal. O Legislativo local aprovou o aumento de 25% para servidores comissionados do Executivo.
O benefício será pago em uma única parcela e terá impacto de R$ 245 milhões aos cofres públicos.
O projeto de lei foi aprovado por unanimidade. Deputados governistas afirmaram que os cargos comissionados têm defasagem de 10 anos e que, embora o aumento seja expressivo, o impacto orçamentário é pequeno aos cofres. Já a oposição destacou que a maioria dos ocupantes desses cargos comissionados é de servidores de carreira.