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Em oposição aos EUA, Lula critica dólar e defende moeda comum entre países do Brics

Adoção poderia evitar turbulências pela variação do dólar, mas ideia é 'complexa' e pode ficar no discurso, dizem economistas

Brasília|Plínio Aguiar e Giovana Cardoso, do R7 em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante agenda do NDB, em Xangai, na China
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante agenda do NDB, em Xangai, na China O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante agenda do NDB, em Xangai, na China

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quinta-feira (13) o uso do dólar em diversas transações mundiais e defendeu a utilização de uma moeda comum única entre os países do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A decisão é vista como uma forma de oposição à tradição do comércio mundial, que tem o dólar como moeda corrente nas transações entre países, o que mantém a influência dos Estados Unidos no cenário internacional.

"Por que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Precisamos ter uma moeda que dê aos países uma situação um pouco mais tranquila", afirmou.

A declaração foi feita durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), em Xangai, na China. Segundo Lula, existem pessoas "mal-acostumadas" com o uso do dólar nas transações mundiais e, na avaliação dele, é necessário ter "paciência".

"Hoje, um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar na própria moeda. Os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso. Por que um banco, como o do Brics, não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China? E entre outros países dos Brics?", questionou.

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Especialista em direito econômico, o advogado Alessandro Azzoni explica que, em vez de usar como parâmetro o dólar, uma saída seria criar um padrão único, que todos os países-membros usariam e ficariam com uma uniformização monetária. “Justamente para evitar que esses mercados que venham a crescer não sofram sanções econômicas e também pela paridade”, afirma.

Para o economista Alexandre Arci, porém, a utilização da moeda comum é um processo “extremamente complexo” e que, para ser realizado, as nações envolvidas teriam que ser economicamente parecidas. “Quando se faz uma declaração dessas, com países extremamente diferentes, é provável que não vá para a frente”, disse.

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Arci ainda afirmou que vê o uso de uma moeda comum quase como "impossível". “É mais um discurso, mais uma forma de divulgação. Seria muito mais simples de fazer entre culturas mais próximas.”

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Em seu discurso, Lula voltou a defender o empréstimo de dinheiro por bancos que tenham caráter social. "Espero que esse banco tenha condições de ter dinheiro para emprestar aos países mais pobres da América Latina e do Caribe. Países grandes, como o Brasil, embora precisem de empréstimos, devem ter a capacidade de usar outros instrumentos e não precisar de um banco que tem que ajudar os países mais necessitados e mais pobres", disse.

FMI

Lula utilizou o discurso em Xangai para mandar um recado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ao criticar a conduta de organismos internacionais no empréstimo de dinheiro a países. O presidente citou especificamente o caso da Argentina, que tem uma dívida de 44 bilhões de dólares (cerca de R$ 237 bilhões) com a entidade.

"Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque está devendo. Os bancos têm que ter paciência de, se for preciso, renovar acordos e pôr a palavra tolerância em cada renovação", disse.

"Não cabe a um banco ficar asfixiando a economia dos países, como estão fazendo agora com a Argentina, o Fundo Monetário Internacional", acrescentou.

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