Ex-ministro de Bolsonaro, general Heleno é intimado a depor sobre espionagem ilegal
Durante o governo anterior, militar chefiou o Gabinete de Segurança Institucional, que tinha Abin sob a estrutura
Brasília|Natália Martins, da RECORD, Gabriela Coelho e Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília
O general Augusto Heleno foi intimado a depor na Polícia Federal sobre o suposto esquema de espionagem ilegal usando a estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), revelaram à RECORD fontes na corporação. A oitiva está marcada para 6 de fevereiro. Heleno é ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, função que exerceu durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
As operações Última Milha e Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, investigam o suposto uso ilegal da estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para espionagem ilegal de adversários políticos da família Bolsonaro. Na mira dos agentes, entre outras pessoas, estão o ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro.
A suspeita é de monitoramento ilegal de autoridades brasileiras, jornalistas e advogados, esquema que começou a ser investigado em 2023. Entre os monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, além de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
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Nessa segunda-feira (29), nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O foco foi o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. O celular dele e pelo menos três computadores foram apreendidos.
A Polícia Federal encontrou uma troca de mensagens no celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, entre ele e Luciana Almeida, assessora do vereador Carlos Bolsonaro, em que ela pedia "ajuda" relacionada a um inquérito policial relacionado à família Bolsonaro.
Segundo a corporação, as mensagens indicam que "o núcleo político [do esquema] possivelmente se valia de Ramagem para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas".
A operação da PF, que também mirou o militar do Exército Giancarlo Rodrigues, cedido à Abin durante o governo Bolsonaro, apura os destinatários das informações obtidas a partir do suposto esquema de monitoramento ilegal com sistemas da agência. Um computador que pertence à Abin foi apreendido durante a operação da Polícia Federal no endereço de Rodrigues. A esposa dele, que não é alvo da operação, é servidora da Abin em Salvador.
Segundo a PF, a nova operação avançou na apuração justamente desse núcleo político do suposto esquema, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente.