Lula admite possibilidade de concorrer à reeleição para evitar ‘extrema-direita’ no poder
Presidente condicionou eventual participação nas eleições de 2026 ao estado de saúde; seria o sétimo pleito presidencial do petista
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira (30) que pode ser candidato nas eleições presidenciais de 2026, quando estará com 81 anos. O petista admitiu que o debate sobre uma eventual reeleição é “complicado”, mas não descartou o desejo de participar da corrida eleitoral novamente, ”se estiver com saúde”. Seria a sétima eleição presidencial de Lula — ele se elegeu deputado federal em 1986 e disputou os pleitos gerais de 1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2022.
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Ao ser questionado sobre eventual disputa por um quarto mandato, o presidente afirmou não saber ainda a resposta. “A reeleição é uma coisa mais complicada, porque uma pessoa pode mentir para todo mundo, mas não pode mentir para si mesmo. A única possibilidade que eu tenho dito de voltar a concorrer a uma eleição é se ficar claro que a extrema-direita pode querer voltar neste país. E aí, sinceramente, se eu tiver com saúde, eu não vou deixar”, declarou, em entrevista à TV Centro América.
Não foi a primeira vez que Lula expressou a vontade de se reeleger. Em junho, em entrevista a uma rádio, o petista afirmou que pode se candidatar à reeleição em 2026 para não permitir que o Brasil seja governado por um “fascista” ou um “negacionista”.
“Se for necessário ser candidato para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem a governar, pode ficar certo que meus 80 anos virarão 40, e virarei candidato”, comentou à época, ao acrescentar que a possibilidade não é “a primeira hipótese”. “Vamos ter que pensar muito. Eu sei que vou estar com 80 anos, vou ter que medir meu estado de saúde, qual minha resistência física, porque quero ter responsabilidade com o Brasil. Tem muita gente boa para ser candidato, eu não preciso ser candidato”, completou.
Relação com agronegócio
Na entrevista desta terça (30), Lula destacou o último Plano Safra lançado pelo governo federal, com investimentos recordes de R$ 400,59 bilhões, e afirmou que o fato de parte do setor agrícola achar que os recursos não são suficientes não gera descontentamento do grupo com o Executivo.
Ao afirmar que os governos do PT foram os que mais investiram no agronegócio, o presidente declarou ter certeza de que “a maioria dos empresários gostaram” da iniciativa. “A gente vai dar o que a gente pode. Eu não tenho só agricultura para atender. Eu tenho muitas outras coisas para atender neste país. Eu tenho educação, eu tenho saúde para atender, eu tenho segurança pública, então é preciso que as pessoas compreendam, inclusive com juros, em grande parte subsidiadas, não é pouca coisa. Em qualquer país do mundo seria um grande investimento”, acrescentou.
Venezuela
Lula se pronunciou, nesta terça (30), pela primeira vez sobre as eleições na Venezuela, ocorridas no último domingo (28). O petista declarou que não há nada “grave” nem “anormal” no processo eleitoral venezuelano e pediu que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão venezuelano responsável pelas eleições, publique as atas com as informações das urnas. O governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória contestada de Nicolás Maduro. A oposição da Venezuela não aceita o resultado proclamada e diz que houve fraude.
“Não tem nada de grave, não tem nada assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que diz que teve 51%, teve outra pessoa que diz que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça e a Justiça faz”, declarou.
O governo brasileiro pediu ao CNE a publicação dos dados das urnas — o que ainda não foi feito. A Venezuela, assim como o Brasil, usa urnas eletrônicas. Além de pedir a apresentação das informações, Lula defendeu a existência de divergências no país vizinho.
“Tem uma briga, como que vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo, e aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tem o direito de se expressar e provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo. Na hora que tiver apresentado as atas e for consagrada que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela”, defendeu Lula.