Lula chega à Bélgica para cúpula que discute fome, geopolítica e meio ambiente
Presidente participa de encontro de países latino-americanos com a União Europeia e também deve tratar do acordo Mercosul-UE
Brasília|Do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou na manhã deste domingo (16) a Bruxelas, na Bélgica, para participar da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia. O encontro vai tratar de temas como tensões geopolíticas, aumento da fome e da pobreza e dos desafios ambientais.
Serão dois dias de evento. Na manhã desta segunda-feira (17), Lula participa da abertura do Fórum Empresarial Celac-União Europeia, em que representantes do setor privado, de bancos de financiamento e líderes políticos vão debater oportunidades de investimento em áreas prioritárias, como energias renováveis, transporte, infraestrutura, digitalização e conectividade.
A União Europeia vai aproveitar a ocasião para apresentar uma nova agenda de investimentos para a América Latina com foco na área de transição verde e digital.
À tarde, o presidente estará na sessão de abertura da cúpula dos dois blocos. Entre os principais temas que serão abordados estão combate à fome, desafios ambientais, reforma do sistema financeiro internacional, recuperação econômica pós-pandemia, combate às mudanças climáticas, transição energética, enfrentamento do crime organizado transnacional e desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental.
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Na terça (18), está previsto um café da manhã com líderes progressistas latino-americanos e europeus e, mais tarde, reunião com a plenária da cúpula em um almoço de trabalho com os participantes. Também está prevista uma coletiva de imprensa do presidente.
Foram convidados para a cúpula em Bruxelas todos os 33 presidentes de países da América Latina e do Caribe e os líderes das 27 nações que compõem a União Europeia, totalizando 60 países. Os dois blocos não se reuniam desde 2015. O Brasil havia saído da Celac em 2019, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), mas retornou ao grupo no início deste ano.
“Essa reunião é importante para dar um novo impulso às relações bilaterais, num contexto de tensões geopolíticas, com o aumento da pobreza e da fome”, afirmou a secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, em briefing à imprensa na semana passada.
“Estamos animados com essa participação depois de tantos anos. A Celac e a União Europeia têm muitas afinidades em termos de valores, de objetivos, de interesses, de cooperação na área ambiental, transição energética, saúde, defesa, uma série de áreas”, acrescentou a secretária de Europa e América do Norte, embaixadora Maria Luisa Escorel.
Encontros bilaterais
Além da participação na cúpula, Lula terá pelo menos oito reuniões reservadas com líderes internacionais. O presidente vai encontrar o rei da Bélgica, Filipe; o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo; o chefe de governo da Áustria, Karl Nehammer; o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristensson; e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley.
Estão confirmadas ainda reuniões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; e com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
É a segunda vez neste ano que Lula se encontra com Ursula von der Leyen. A primeira reunião entre os dois ocorreu em junho, em Brasília. Na ocasião, a líder europeia disse esperar pela conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia ainda em 2023. Já o presidente brasileiro expôs preocupações com o instrumento adicional proposto pelos europeus e que impõe sanções.
Negociado desde 1999, o acordo está em fase de revisão, mas há entraves na preservação ambiental e sobre compras governamentais. Recentemente, os europeus propuseram um documento adicional, chamado de side letter, que impõe sanções em caso de descumprimento, mas só para o lado sul-americano. A medida é duramente criticada por Lula, que mandou o Itamaraty elaborar uma resposta, como mostrou o R7.
A reportagem apurou que o Itamaraty já finalizou a resposta e o governo brasileiro deve apresentar o texto em breve. Antes de ser enviado ao bloco europeu, o texto precisa ser analisado pelos parceiros do Brasil no Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai.