Lula cobra de países ricos verba para redução dos impactos climáticos prometida em 2009
Na COP15, em Copenhague, principais emissores de carbono do mundo prometeram investimento de US$ 100 bilhões por ano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou aos países ricos do mundo o investimento de R$ 100 bilhões por ano prometido em 2009 durante a COP15, realizada em Copenhague, para os países em desenvolvimento no combate às mudanças climáticas.
O discurso foi feito na participação do presidente na reunião anual do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), no Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (4).
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“Existe uma tarefa que possivelmente todos vocês tenham consciência que é importante cumprir: criar novos mecanismos de financiamento, sobretudo para novas situações como a questão da transição climática. Todo mundo sabe que desde 2009, na COP15, em Copenhague, foi decidido que os países ricos iam compensar a ajuda aos países pobres doando US$ 100 bilhões por ano para enfrentar a situação climática”, começou Lula.
“Já estamos em 2025, e esse dinheiro até agora não apareceu. Aquilo que era US$ 100 bilhões por ano, esse ano já é necessário US$ 1,6 trilhão para que a gente possa cumprir com os compromissos climáticos e não permitir que o planeta se aqueça a mais de 1,5ºC”, observou.
“Esse é um desafio de todo mundo, e não há como fugir dele, porque não existe outro planeta habitável até agora. Tem gente tentando, tem gente gastando dinheiro, fazendo investimento para ver se tem outro planeta. Até agora, não tem. Então, somos obrigados a começar a pensar um modelo de desenvolvimento que primeiro seja um modelo capaz da gente ter garantia da redução dos efeitos de gases estufa”, defendeu.
Novo modelo de financiamento
Durante o discurso, o chefe do Executivo também disse que o NDB tem o papel de estruturar novos formatos de financiamento.
“Eu sei que esse assunto não era para discutir aqui, mas se eu não discutir com as pessoas do dinheiro, eu vou discutir com quem? Então, está dado o recado. Eu acho que vocês podem e devem mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento, sem condicionalidades. O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo”, disse.
Lula afirmou, ainda, que “a chamada austeridade exigida pelas instituições financeiras levou os países a ficar mais pobres, porque toda vez que se fala em austeridade o pobre fica mais pobre, e o rico fica mais rico”.
“Não é possível que o continente africano deva US$ 900 bilhões, e o pagamento de juros muitas vezes é muito maior que qualquer dinheiro que eles tenham para fazer investimentos. Ou discutiremos novas formas de financiamento para ajudar os países em via de desenvolvimento, sobretudo os países mais pobres da África, Ásia e América Latina, ou esses países vão continuar pobre por mais um século”, acrescentou.
Entenda
Na COP15, realizada em Copenhague em 2009, os países mais ricos do mundo fizeram uma promessa de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com as mudanças climáticas.
A promessa foi incluída no documento final do chamado Acordo de Copenhague, e previa que os recursos fossem usados na mitigação e redução de gases de efeito estufa, adaptação de países vulneráveis e transferência de tecnologia e capacitação, por exemplo.
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