Militar diz à PF que serviu água a vândalos para tentar acalmá-los durante invasão
Em depoimento, José Eduardo Natale declarou que não prendeu os invasores em 8 de janeiro porque estava sozinho e desarmado
Brasília|Augusto Fernandes e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O major do Exército José Eduardo Natale, afastado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após os atos de vandalismo no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro, disse em depoimento à Polícia Federal que deu água a pessoas que invadiram o prédio para tentar acalmá-las.
Câmeras de segurança do Planalto mostraram que Natale serviu garrafas de água a um grupo de vândalos no 3º andar do prédio, onde fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Segundo Natale, ele não deu água aos invasores porque quis, mas porque foi coagido. À Polícia Federal, ele contou que "foi em direção à copa, pegou uma água e logo apareceram três ou quatro manifestantes que estavam exaltados" e que "os manifestantes exigiram que lhes dessem água".
Natale disse também que "entregou algumas garrafas de água com o intuito de acalmá-los e [para] que não danificassem a copa e ainda solicitou que saíssem".
O major explicou que foi até o 3º andar do Palácio do Planalto para tentar proteger o gabinete presidencial, o que, segundo ele, era a "prioridade" naquele dia. Natale relatou que, assim que chegou próximo ao gabinete, identificou-se como servidor do GSI e foi hostilizado pelos invasores.
Natale foi questionado sobre o motivo de não ter dado voz de prisão aos invasores e respondeu que não o fez porque, naquela hora, "estava sozinho e desarmado" e "corria risco de linchamento e de morte".
O major explicou à Polícia Federal que estava sem arma naquele momento porque a segurança do Planalto tinha acabado de colapsar. Dessa forma, segundo Natale, a única saída era abrir mão da pistola e do uniforme de trabalho dele para se infiltrar entre os invasores, a fim de conter danos.