Motta afasta projetos voltados à arrecadação e defende controlar gastos como resposta econômica
Presidente da Câmara ainda citou movimento entre deputados para derrubada de veto na reforma tributária, mas aguardará governo
Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou não haver clima entre parlamentares para avaliar projetos voltados ao aumento da arrecadação e citou alternativas ligadas ao controle de gastos como uma resposta econômica ao país.
A declaração foi dada a jornalistas nesta terça-feira (4), logo após uma reunião da bancada do partido na Câmara.
“Talvez a agenda boa para o país não seja mais essa [da arrecadação], a agenda seja de certa forma de poder tratar a responsabilidade fiscal de outro aspecto, podendo rever um pouco a questão dos gastos, mais responsabilidade com as despesas”, afirmou.
Leia também
Motta também destacou que uma agenda para aumentos arrecadatórios já avançou entre parlamentares no ano passado, o que indicaria outros caminhos. “Ajudamos bastante nesses projetos que aumentaram a arrecadação do governo. Tanto é que em 2024 temos uma perspectiva de que o governo bata todos os recordes de arrecadação”, disse.
A responsabilidade fiscal foi defendida pelo novo presidente também aos parlamentares da bancada. “Será para nós uma prioridade”, declarou durante a reunião de deputados. “Precisamos tirar as amarras, diminuir a burocracia e dar segurança jurídica para que os investimentos possam acontecer. Tanto investimento público, quanto investimento privado”, emendou, em outro momento.
Motta ainda apontou que a responsabilidade fiscal deve ser adotada para resposta a uma possível redução na taxa básica de juros, a Selic, além de riscos no ambiente internacional que podem impactar o Brasil por eventuais mudanças no dólar.
“Temos a eleição do novo presidente dos EUA que vem com governo de decisões um pouco fortes no sentido econômico, e que temos que aguardar um pouco as consequências aqui no Brasil. Eu penso nesse cenário todo, e incluo Parlamento e Congresso, de sermos mais eficientes no ponto de vista da economia. Já que temos um cenário de curto prazo e de muitas incertezas”, disse.
A posição veio no mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, exaltou impactos do pacote fiscal aprovado pelo Congresso Nacional no final do ano passado. Haddad disse que as medidas resultaram em contenção de R$ 30 bilhões dos gastos públicos.
Em um possível desafio ao governo, o presidente confirmou intenção de parte dos parlamentares em se colocar contra veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a trechos da reforma tributária. A insatisfação maior está entre parlamentares do agronegócio, que apontam riscos na competitividade.
Motta destacou, contudo, que as negociações ainda dependem do envio da proposta do governo.