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‘Não haverá tsunami no Brasil’, diz especialista 

Boato se espalhou após o vulcão Cumbre Vieja, localizado na costa africana, apresentar indícios de atividade; as erupções iniciaram neste domingo (19)

Brasília|Thaís Rodrigues, do R7, em Brasília

Vulcão Cumbre Vieja, localizado nas Ilhas Canárias, em erupção neste domingo (19)
Vulcão Cumbre Vieja, localizado nas Ilhas Canárias, em erupção neste domingo (19)

Após dias em estado de alerta, as Ilhas Canárias viram o vulcão Cumbre Vieja entrar em erupção neste domingo (19). O fenômeno ocorreu às 11h12 no horário de Brasília e mobilizou o Brasil devido às notícias de que a atividade sísmica provocaria um tsunami na costa do Nordeste. No entanto, especialistas afirmam que não há a possibilidade de ondas gigantes acontecerem. O último registro de atividade do vulcão Cumbre Vieja foi em 1971.

As Ilhas Canárias compõem um arquipélago espanhol ao largo da costa noroeste da África. O relevo é composto, principalmente, por formações vulcânicas, oriundas da liberação do magma terrestre. Segundo George Sand França, professor do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), a possibilidade de vulcanismo gerar um tsunami é quase nula. Ele explicou que a principal causa para o fenômeno de ondas devastadoras é, na verdade, a movimentação de placas tectônicas se acomodando no fundo dos oceanos.

“Não é comum uma atividade vulcânica gerar um tsunami. O que gera um tsunami é um terremoto, ou seja, a pressão entre as placas tectônicas que compõem a Terra. O território brasileiro não fica próximo de nenhum encontro entre placas para que isso pudesse acontecer”, esclareceu.

O pesquisador apontou que a distância entre os dois continentes – americano e africano – é muito grande para que as consequências das erupções sejam sentidas no Brasil. Ele aformou ainda que outra questão importante que deve ser ressaltada é que o vulcão é continental, ou seja, não está submerso no mar. Segundo o especialista, para que esse tipo de vulcanismo causasse alguma alteração marítima, ele “deveria expelir uma rocha muito grande para cair ao mar”, o que é impossível de acontecer.


Para George França, um fator que contribuiu para que essa desinformação circulasse e ganhasse grandes proporções foi uma simulação feita há mais de 10 anos nos Estados Unidos sobre as atividades sísmicas na costa africana. “Após o resultado dessa simulação, muitas pessoas passaram a crer que os vulcões das Ilhas Canárias poderiam afetar o Brasil”.

Pelo Twitter, a emissora de televisão local – Radio Televisión Canaria (RTC) – está acompanhando o desenvolvimento das erupções com imagens e notícias ao vivo. Apesar dos impactos, foi possível acompanhar as atividades sísmicas com antecedência, o que permitiu às pessoas que moram próximas à região se deslocarem com segurança. Equipes do Corpo de Bombeiros estão sendo deslocadas para conter as chamas que se aproximam das residências.

As autoridades informaram que as atividades vulcânicas fazem parte da cultura local. “Não podemos fugir disso. É um fenômeno que está intimamente ligado à nossa tradição e cultura. Por isso é importante seguir as orientações do governo e das instituições de segurança”, disse o presidente do Parlamento de Canarias, Gustavo Matos, à RTC. Acredita-se que o vulcão tenha sete bocas que emitem larva.

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