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Parceria entre banco e empresa de tecnologia vai testar pagamento offline com moeda digital brasileira

Estratégia foi testada em países como Gana e Tailândia; plataforma está em fase de testes desde março do ano passado

Brasília|Do R7, em Brasília

Banco diz que quer ampliar acesso para população sem internet
Banco diz que quer ampliar acesso para população sem internet Rafa Neddermeyer/Agencia Brasil

O Banco do Brasil fez uma parceria com uma empresa de tecnologia para testar o pagamento com a moeda digital brasileira, conhecida como Drex, até mesmo sem internet. O sistema pode utilizar pulseiras, cartões de plástico ou o próprio celular para fazer pagamento com as moedas virtuais sem necessidade de conexão com a internet, bastando a aproximação entre os dispositivos para transferir o valor desejado de forma criptografada.

A solução já foi testada em países como Gana e Tailândia. A parceria entre o banco e a empresa Giesecke+Devrient Currency Technology (G+D), pretende desenvolver soluções adaptadas para a realidade brasileira com as transações com Drex, um complemento aos pagamentos com dinheiro, cartão e PIX. A G+D é uma empresa global que oferece segurança digital, plataformas financeiras e tecnologia monetária para os clientes.

Segundo o Banco do Brasil, a solução de pagamento offline permitirá a exploração de novas utilizações para o Drex. Caso os testes sejam bem-sucedidos, será possível desenvolver modelos de uso da moeda digital criptografada em transações cotidianas, como pequenas compras no comércio, pagamentos de serviços e mesada, por exemplo.

Outra vantagem, conforme a instituição, será a ampliação do Drex as pessoas com dificuldade de acesso à internet, sem inclusão financeira ou que vivam em locais com infraestrutura precária. Pessoas sem contas bancárias podem carregar carteiras digitais em um dispositivo, que pode até ser um acessório como pulseira ou anel, e fazer transações seguras em comércios locais. As transferências dos dados criptografados entre as contas são garantidas pelo protocolo de segurança criado pela G+D.


Dinheiro vivo

Mesmo com a maior inclusão da população no sistema bancário e com a popularização do Pix, o uso do dinheiro em espécie continua expressivo no Brasil. Pesquisa recente da Tecban, empresa de tecnologia bancária e de soluções financeiras, identificou que 29% dos brasileiros usam o dinheiro físico como uma das principais formas de pagamento. Nas classes C, D e E esse número sobe para 32%. Na Região Nordeste, o índice chega aos 40%.

Entre os motivos pela preferência pelo papel-moeda, informou a pesquisa, estão a falta de conta ou cartão de crédito e dificuldades de conexão com a internet. Segundo o BB, uma solução que permita pagamentos sem conexão com a internet, de forma prática, segura e simples, tem potencial para se tornar um meio de pagamento alternativo ao dinheiro em espécie, além de popularizar o Drex.


Entenda a moeda digital

A plataforma de testes do Drex está em fase de testes desde março do ano passado. O chamado real digital pretende ampliar as possibilidades de negócios e a inclusão financeira. A ideia, segundo o Banco Central, é que o Drex seja usado no atacado para serviços financeiros, funcionando como um Pix – sistema de transferências instantâneas em funcionamento desde 2020 – para grandes quantias e com diferentes finalidades. O consumidor terá de converter reais em Drex para enviar dinheiro e fazer o contrário para receber dinheiro.

O Drex terá o valor garantido pelo Banco Central e cada R$ 1 equivalerá a 1 Drex. A iniciativa utiliza o blockchain, considerado à prova de hackers, que é basicamente um banco de dados com informações inseridas e transmitidas com segurança, rapidez e transparência. Sem um órgão central de controle, essa tecnologia funciona como uma espécie de corrente de blocos criptografados, com cada elo fechado após determinado tempo. Nenhuma informação pode ser retirada ou mudada porque todos os blocos estão conectados entre si por senhas criptografadas


A principal diferença do Drex com as demais criptomoedas é que hoje as outras moedas obedecem à lei da demanda e da oferta, com o valor flutuando diariamente. Sem garantia de bancos centrais e de governos, a cotação das criptomoedas oscila bastante, podendo provocar perdas expressivas de valor de um dia para outro.

Atrelado às moedas oficiais, o CBDC oscila conforme a taxa diária de câmbio, determinada pelos fundamentos e pelas políticas econômicas de cada país. A taxa de câmbio, no entanto, só representa diferença para operações entre países diferentes. Para transações internas, o Drex valerá o mesmo que o papel-moeda.

Outra diferença em relação às criptomoedas está no sistema de produção. Enquanto moedas virtuais como Bitcoin, Ethereum e outras podem ser “mineradas” num computador que resolve algoritmos e consome muita energia, o Drex será produzido pelo Banco Central.

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